O Diretor de SMS da FUP relata o acidente na P-34 que matou o primeiro trabalhador do Pré-sal


Depois do acidente que feriu dois trabalhadores e matou o caldeireiro William Robson Vasconcelos, ocorrido na P-34, no Campo de Jubarte – ES – primeira plataforma a produzir óleo na camada do Pré-sal no Brasil – a FUP indica uma grande mobilização em todos os sindicatos filiados à Defesa da Vida.

 

Apesar da rotina de tragédias ocorridas nas plataformas, devido à política de SMS da Petrobrás, a empresa continua negligenciando a gravidade dos fatos e sobrepondo a produção à segurança no trabalho.

 

Diante disso, a semana de 12 a 16 de janeiro de 2009 foi escolhida para ser o palco das mobilizações em protesto a todas estas mortes trágicas que são tratadas como meras estatísticas e simples riscos do negócio.

 

À semelhança do acidente ocorrido na Bacia de Campos, no ano de 2008 – quando a empresa declarou que o helicóptero que caiu matando 4 pessoas, fizera um pouso forçado –  a Petrobrás continua tentando esconder a veracidade do acidente e afirma que a tragédia da P-34 foi causada por uma “falha na válvula”,  o que na verdade foi um erro na avaliação de risco

 

A verdadeira versão do acidente

 

Ao contrário das declarações da Petrobrás, o acidente foi muito mais brutal do que uma simples “falha na válvula”. A verdade é que o trabalhador estava montando um novo poço a uma válvula (a mesma que a companhia afirma ter falhado), mas a peça não encaixou. Diante desta dificuldade, a base da válvula foi desmontada para que a peça fosse encaixada. A plataforma que até então estava parada, voltou a operar com o trabalho na boca do poço de Jubarte 4 em andamento. Neste momento, às 20h, o PI começou a  indicar o aumento de pressão que atingiu 122kgf/cm2 às 23h15, quando o caldeireiro retirou o último estojo e o corpo da válvula não resistiu e desmontou. Isto causou a despressurização da linha de 5”, durante 17 minutos, que continha petróleo e gás, configurando um grande vazamento.

 

Com o impacto do jato, o trabalhador foi comprimido, teve sua roupa arrancada, vários ossos quebrados e afundamento de crânio e pulmão. Os outros dois trabalhadores tiveram escoriações leves e foram atendidos na enfermaria da plataforma. Ambos prestavam serviços pela UTC Engenharia.

 

Novamente a Petrobrás tratou um fato gravíssimo como moderado. Este acidente poderia ter tomado proporções piores e vitimado 119 pessoas, afundado a P-34 e criado mais um grande desastre ambiental.

 

A FUP e seus Sindicatos Filiados se mobilizam em defesa da vida de todos os trabalhadores do Sistema Petrobrás para que os mesmos não sejam sacrificados em nome da produção. Participe deste movimento e tenha cautela na emissão e verificação da PT, exercendo o seu direito de recusa, caso seja necessário.  

 

Diretor da Petrobrás veta embarque da FUP na P-34

 
Na última terça, 6, a FUP teve uma reunião, no Espírito Santo, com o diretor da Petrobrás – Guilherme Estrela e vários gerentes do EP, para solicitar um embarque na P-34, afim de verificar as condições de segurança da plataforma.

 

O diretor hostilizou a direção da Federação, vetou o embarque, alegou que já existe uma Comissão constituída para a análise do acidente e indicou outros caminhos que garanta o embarque, ou seja, a justiça.

 

Além da tentativa de embarque, a FUP enfatizou a importância da ajuda que a viúva e o filho do falecido merecem, porém, o mesmo diretor afirmou que este problema pertence à UTC Engenharia e que a Petrobrás não se responsabilizará por isto.

 

Ainda assim, a Federação procurou a DRT, onde se reuniu com o fiscal do trabalho que conduz a análise. O resultado desta reunião foi a prontificação do MTE a disponibilizar o resultado da análise para FUP, sindicatos, MPT e para quem mais fizer o requerimento.

 

A odisséia não acabou por aí. Depois de todas estas tentativas, a FUP se dirigiu ao Delegado de Polícia Judiciária de Vitória, que conduz o inquérito, e solicitou que trabalhadores e gerentes também sejam ouvidos como parte.

 

Outra iniciativa foi acompanhar o inquérito feito pela da Capitania dos Portos e que será conduzido pela Marinha e apreciado pelo Tribunal Marítimo.

A FUP se reunirá com o MPT, que também deverá instalar um inquérito após a análise feita pela DRT.

 

Apesar de todas as dificuldades encontradas pela FUP e sindicatos em participar da investigação do acidente, o Sindipetro ES indicou um diretor que já está participando da Comissão de Análise. Os trabalhos serão concluídos em 15 dias.

 

Na reunião realizada com o gerente de RH da Petrobrás, ontem, 7, no Edise, a FUP protestou contra o ato de truculência feito pelo diretor Estrela, que vetou o embarque da Federação na plataforma, afim de esconder a gravidade do acidente que poderia ter tomado proporções gigantescas. Nesta reunião também foi solicitado ao RH, um intermédio entre o diretor e o SMS coorporativo, na tentativa de uma novo embarque na P-34.

 

No dia 8, quinta, houve troca de turno na P-34 e os trabalhadores foram ordenados a condicionar a plataforma para a partida. Esperamos que outro acidente não se repita, pois não foi dada nenhuma garantia à FUP sobre as condições de segurança da plataforma.