Em visita a estaleiro em Niterói, Lula condena sucateamento da Petrobrás

Visita ao que restou da indústria naval em Niterói (RJ) foi acompanhada por petroleiros do Norte Fluminense. O ex-presidente culpou a Operação Lava Jato e  governo Bolsonaro pelo desmonte do setor de óleo e gás

[Com informações do Sindipetro-NF e do Brasil 247]

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou, na manhã desta sexta-feira, 11, um dos estaleiros ainda em funcionamento em Niterói (RJ), acompanhado de lideranças políticas e sindicais do estado, como o ex-coordenador da FUP, José Maria Rangel. Outros diretores do Sindipetro-NF participaram da atividade, como o coordenador da entidae, Tezeu Bezerra, e Alessandro Trindade, do Movimento Petroleiro Solidário, demitido arbitrariamente pela gestão da Petrobrás por participação em ações solidárias de combate à fome.

Trabalhadores do estaleiro relataram ao ex-presidente Lula o sucateamento de unidades e a dificuldade do setor naval desde a Operação Lava Jato. A indústria foi uma das maiores beneficiadas pela política desenvolvimentista dos governos Lula, gerando milhares de empregos no estado do Rio. Atualmente, o estaleiro visitado tem apenas uma reforma contratada em um navio.

Lula atribuiu a situação ao governo Bolsonaro e seus apoiadores do grande capital. “[Os trabalhadores] construíram. O governo incentivou, mas vocês construíram. Quem perde é o povo trabalhador. Ou a gente reage e defende o país, que não é de Bolsonaro, banqueiro, fazendeiro. Está na hora de a gente dizer: deixem alguém governar esse país com competência. Americanos nunca aceitaram a ideia de partilha, de fundo social. Um outro Brasil é possível”, disse o petista.

“Nós em pouco tempo conseguimos criar uma indústria naval competitiva e poderosa. O Brasil poderia ter uma das maiores indústrias navais do mundo”, disse.

Em 2003, a indústria naval contava com apenas 2,5 mil vagas de emprego abertas, segundo dados da Petrobras. Dez anos depois, já eram 82 mil trabalhadores empregados no setor e milhares de postos de serviço indiretamente ligados a ele.

O ex-presidente reforçou que a Petrobras possui um papel importante além da produção de petróleo: “A Petrobrás não é apenas uma empresa de petróleo. É importante para o desenvolvimento nacional. Ela investe muito em pesquisa e pode ajudar outras indústrias, como a de óleo e gás e a indústria naval”, destacando que, no seu governo, quando foi descoberto o pré-sal, “tinha gente que não acreditava que conseguiríamos explorar”. “E conseguimos tirar petróleo a 7 mil metros de profundidade. Já visitei tantos estaleiros ao longo da minha vida, mas hoje volto ao Rio com tristeza vendo o desmonte da indústria naval”, disse.

Entre 2012 e 2014, foram construídas mais de 500 embarcações pela indústria naval brasileira. Também neste período, o número de plataformas em operações passou de 36 para 82. Atualmente, segundo a ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), 67 plataformas de petróleo estão em operação no país.

“Deixamos de ser grande pra voltar a ser pequenos. Deixamos de produzir conteúdo nacional pra virar vira-lata de outras economias. Temos engenharia, tecnologia e mão de obra qualificada. Apenas no estado do RJ, a indústria naval tinha 33 mil trabalhadores. Hoje são 7 mil”, criticou o ex-presidente, lembrando que “o país só será rico quando o povo tiver dinheiro, não é quando o empresário tiver dinheiro… Aí a gente consegue gerando emprego, salário”.

“Quero mandar um recado aos trabalhadores da indústria naval: não deixem destruírem o que vocês construíram. São 15 milhões de brasileiros desempregados. A gente tem que reagir e defender esse país. O Brasil não é do Bolsonaro”, afirmou Lula.