Petroleiros de todo o Brasil se mobilizam contra privatizações e em apoio à greve na Bahia

Os petroleiros das bases da FUP amanheceram mobilizados em todas as refinarias, em um dia nacional de luta contra as privatizações no Sistema Petrobrás e em defesa dos empregos e direitos que estão sob forte ataque da gestão da empresa. As mobilizações ocorreram simultaneamente ao ato nacional na Rlam, que marcou o início da greve por tempo indeterminado dos trabalhadores da Petrobrás na Bahia. Uma comitiva com dirigentes sindicais petroleiros de outros estados também esteve presente ao ato na Rlam.


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Do Amazonas ao Rio Grande do Sul, os sindicatos da FUP realizaram atrasos e protestos em frente às refinarias e em outras áreas operacionais, como a Unidade de Tratamento de Gás de Cacimba, no Espírito Santo. Os atos contaram com a participação de trabalhadores próprios e terceirizados de nove estados do país, além da Bahia. Houve atrasos na Reman (AM), na Lubnor (CE), na Abreu e Lima (PE), na Reduc (RJ),na Regap (MG), na Replan e na Recap (em SP), na Repar e na Six (no PR) e na Refap (RS), além da UTGC (ES) e da Rlam (BA), cujos trabalhadores entraram em greve. Veja as fotos abaixo.

Nesta sexta-feira, 19, o Sindipetro-RN também realiza uma mobilização em apoio à greve dos trabalhadores da Bahia, com um ato no Polo de Guamaré.

Todo o Sistema Petrobrás está sob ataque, com várias unidades já privatizadas e diversas outras com a venda anunciada, como é o caso de metade do parque de refino da empresa. Neste momento, além da Rlam, mais cinco refinarias estão em processo acelerado de privatização: a Fábrica de Lubrificantes do Nordeste (Lubnor), no Ceará; a Usina de Xisto (SIX), no Paraná; a Refinaria Alberto Pasqualine (Refap), no Rio Grande do Sul; a Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Minas Gerais, e a Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco.

Venda das refinarias vai gerar monopólios regionais privados

Um estudo da PUC Rio, que analisou os efeitos da privatização de seis das oito refinarias colocadas à venda pela direção da Petrobras, apontou que a venda das unidades, ao contrário do que a empresa e o mercado defendem, não aumentará a competitividade e sim a concentração do setor. Segundo o estudo, das refinarias que estão à venda, as que têm maior potencial para formação de monopólios regionais são a Rlam, a Reman, a Refap e a Regap.

Durante os atos de hoje, a FUP e seus sindicatos tornaram a alertar a sociedade para o fato de que a privatização das refinarias vai aumentar as demissões em massa, os riscos de acidentes e de impactos para o meio ambiente, a perda de soberania e fazer disparar os preços já elevados dos derivados de petróleo. Só nos dois primeiros meses de 2021, a diretoria da Petrobrás já aumentou em 34,7% o preço da gasolina nas refinarias, com o novo reajuste anunciado nesta quinta-feira. O diesel também sofreu novo aumento e já custa 27,7% a mais desde o início do ano.

“Estamos denunciando os impactos negativos para a população das privatizações de refinarias, terminais e sistemas logísticos que a atual gestão da Petrobrás está promovendo. A venda da RLAM e de outras refinarias pode criar monopólios regionais, e isso vai aumentar ainda mais os preços dos combustíveis. A política de preços da atual gestão da Petrobrás, que já reajustou gasolina e diesel em torno de 30% somente este ano, é nefasta, mas os preços subirão ainda mais com a venda dessas refinarias, já que os investidores que adquirirem esses ativos vão poder cobrar o preço que bem entenderem. Sem falar no risco de desabastecimento, se o dono da refinaria optar por exportar combustíveis em vez de vender no mercado brasileiro”, explicou o coordenador da FUP, Deyvid Bacelar.

No ato com petroleiros e movimentos sociais de Minas Gerais, realizado pela manhã na Regap, o coordenador do Sindipetro-MG, Alexandre Finamori, também ressaltou a relação direta entre a política de preços da Petrobrás e a privatização das refinarias. Veja a publicação no Twitter da FUP:

A representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Petrobrás, Rosângela Buzanelli, também se manifestou estasemana sobre os aumentos seguidos nos preços dos combustíveis. “Estamos falando aqui dos preços dos combustíveis revendidos pelas refinarias da Petrobrás. Obviamente que esses valores vão chegar bem mais altos para o consumidor final na bomba do posto de abastecimento”, alertou. “O reajuste vai gerar aumento de quase tudo, porque o custo do combustível tem influência direta na inflação, em especial nos alimentos e nas bebidas, e afeta, principalmente, o setor de transportes”, acrescentou. “A Petrobrás pratica hoje o preço de uma empresa privada, quando poderia (e deveria) praticar um preço mais justo, exercendo sua função de empresa estatal, que atenda aos interesses da população brasileira”, afirmou a conselheira.

[Imprensa da FUP]