Sindipetro-BA denuncia: “Privatização do Polo Rio Ventura é mais um ato criminoso da direção da Petrobrás”

[Da imprensa do Sindipetro Bahia]

A direção do Sistema Petrobrás vendeu para a 3R Petroleum, o Polo Rio ventura, composto pelos campos de exploração e produção de petróleo e gás de Água Grande, Bonsucesso, Fazenda Alto das Pedras, Pedrinhas, Pojuca, Rio Pojuca, Tapiranga e Tapiranga Norte, localizados nos municípios de Catu, Mata de São João, Pojuca e São Sebastião do Passé, na Bahia.

Por uma decisão empresarial, a direção da Petrobrás vem, intencionalmente, diminuindo os investimentos nos seus campos terrestres e de águas rasas.

Apesar de alguns desses campos estarem em operação há cerca de 60 anos ou até mesmo quase 80 anos como é caso do Campo de Candeias – descoberto em 1941 – eles ainda têm potencial, mas precisam de manutenção contínua para evitar que aconteça um declínio acentuado de sua produção. Nos Estados Unidos, por exemplo, há campos de produção terrestre de petróleo que operam há quase 100 anos e continuam dando retorno e lucratividade para aqueles que detêm o seu controle.

Devido à falta de investimento e de manutenção da gestão do Sistema Petrobrás nos campos terrestres, a perda de produção na Bahia é gigantesca e vem penalizando diversos municípios que apresentam prejuízos na arrecadação de royalties e ISS, gerando um grande revés em suas economias.

Renúncia de receita

Em um ano, só na Bahia, houve a perda de aproximadamente R$ 1 bilhão, gerada pela diminuição proposital da produção de petróleo e gás. O fato é gravíssimo porque configura renúncia de receita, de forma deliberada, da gestão da estatal. Além de não ter entrado nos cofres da Petrobrás, esse valor poderia ter gerado mais receitas para os municípios produtores de petróleo que poderiam ter arrecadado algo em torno de R$ 100 milhões através de royalties.

O prejuízo pôde ser sentido também com a perda de empregos, uma vez que com o desinvestimento da estatal, muitos trabalhadores terceirizados que atuavam na Unidade de Negócios da Petrobras (UN-BA), onde estão localizados os campos terrestres, foram demitidos.

A UN-BA continua lucrativa e, não fosse a premeditada falta de investimento e manutenção, estaria gerando ainda mais lucro para a estatal. É importante ressaltar que renúncia de receita é um crime de gestão. Um gestor de uma empresa pública, de uma prefeitura, governo de estado ou de um país, não pode renunciar receita, pois além de demonstrar incompetência, caracteriza crime de responsabilidade fiscal.

Polo Rio Ventura

De acordo com a Petrobrás, de janeiro a junho, a produção média do polo Rio Ventura foi de aproximadamente 1.050 barris de óleo por dia e 33 mil m³/dia de gás natural.

O Polo, vendido por US$ 94,2 milhões à empresa 3R Petroleum, tem campos consolidados do ponto de vista do desenvolvimento da produção de petróleo e gás, com instalações de superfície (estações, dutos, unidades de bombeio, satélites), que fizeram parte do pacote.

Os campos pertencentes ao Polo Rio Ventura foram alguns dos que deixaram de receber qualquer tipo de manutenção ou investimento da Petrobrás, o que se agravou no último ano

Como criar dificuldade para vender facilidade

Nesses campos há uma quantidade significativa de poços parados com problemas superficiais que poderiam ter sido resolvidos para dar continuidade à produção. Mas não foram.

Dessa forma, a empresa que adquiriu o Polo Rio Ventura poderá rapidamente ampliar a produção desses campos, que está represada em função da paralisação dos poços por falta de manutenção.

Com um investimento relativamente pequeno, a 3R Petroleum poderá aumentar a produção de petróleo, passando a falsa sensação de que a empresa privada é mais eficiente do que a estatal, no caso a Petrobrás.

Se a Petrobras tivesse feito o que sabe e fez ao longo desses 67 anos, a produção de Rio Ventura estaria em um patamar muito acima do que se encontra hoje. Não o fez porque precisava justificar a privatização desses campos. As condições plantadas pela atual gestão do Sistema Petrobrás já tinha o objetivo de favorecer essas empresas privadas que estão adquirindo os campos da estatal.

Certamente a 3R Petroleum irá aumentar a produção nesses campos, mas não pela sua eficiência, mas devido à ação criminosa da atual gestão da Petrobrás. de criar as condições para que a 3RPetroleum aumente a produção.

Negócio da China

Ao adquirir o Polo Rio Ventura a 3RPetroleum fez um grande negócio, mas o mesmo não se pode dizer da Petrobrás.

Na quarta (26), o preço do barril de petróleo no mercado internacional chegou a U$ 46 e está em alta. Se pegarmos os U$ 46 e multiplicarmos por 1.050 (produção/dia de barris do Polo Rio Ventura), teremos U$ 48,300 que multiplicados por 365 (dias do ano) chegaremos a U$ 17.629,500. Pegando esse valor final e multiplicando por 5.5 teremos o valor de U$ 96.962,50. Isso significa que em cinco anos e meio de produção nos moldes atuais e com o valor do preço do barril de petróleo do dia 26/08, a 3R Petroleum irá recuperar todo o investimento feito nesses campos. Isso sem falar de todo o patrimônio material dos campos, adquirido pela empresa no pacote de compras.

Mas como a 3R Petroleum vai aumentar a produção (intencionalmente diminuída pela direção da Petrobrás) e conta com o preço do barril do petróleo que está em alta, o retorno desse investimento deve acontecer em um prazo ainda mais curto. A estimativa é que no primeiro momento em que assumir o campo, a empresa consiga aumentar a sua produção em cerca de 30%.

Além disso, como a maioria das empresas privadas, a 3R Petroleum irá contratar um número reduzido de trabalhadores, pagando salários baixos e impondo condições de trabalho rebaixadas. Todos esses elementos irão contribuir para o aumento do lucro da empresa e rapidez do retorno do investimento feito.

O que a atual direção do Sistema Petrobrás e o governo Bolsonaro estão fazendo com a maior empresa do país é entrega, é crime. Estão entregando o patrimônio público brasileiro para que os investidores fiquem ainda mais ricos, em detrimento do povo brasileiro e da soberania do país.