Metalúrgicos do ABC repercutem campanha contra desmonte da Petrobrás

Um dos mais importantes sindicatos do Brasil, o Metalúrgicos do ABC paulista, publicou esta semana matéria de capa do seu jornal semanal sobre a campanha #PetrobrásFica, que os petroleiros, em conjunto com a Frente Parlamentar Mista em Defesa da Petrobrás e entidades da sociedade civil, colocaram na rua para mobilizar a população a pressionar prefeitos, governadores e empresários a lutar pela permanência da estatal nas regiões Norte, Nordeste, Sul e Minas Gerais.

A gestão Castello Branco colocou à venda diversos ativos da empresa nessas regiões, hibernou unidades e arrrendou outras, como é o caso das fábricas de fertilizantes nitrogenados da Bahia e Sergipe.

Defender a Petrobras é defender um projeto de desenvolvimento nacional, de geração de empregos e de riquezas para o Brasil, de soberania. Vamos precisar de todo mundo nessa luta. #PetrobrasFica

Leia a íntegra da reportagem do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC:

A categoria dos petroleiros, que tem um longo histórico de luta em defesa da soberania brasileira, está mais uma vez em prontidão para defender a estatal. A mobilização #Petrobrasfica é para evitar o desmonte promovido pelo governo Bolsonaro, que quer vender oito refinarias espalhadas pelo país. Juntas elas empregam 10 mil trabalhadores diretos, mais os terceirizados, e todos seriam prejudicados.

O coordenador da FUP (Federação Única dos Petroleiros), Deyvid Bacelar, e o diretor do Sindipetro-SP (Sindicato dos Petroleiros do Estado de São Paulo), Auzélio Alves, conversaram com a Tribuna sobre a situação da estatal, os impactos da privatização e o histórico de luta da categoria. Confira os principais pontos:

Preparação do terreno

Quando Michel Temer entrou, começou a preparação do terreno para o desmonte das grandes empresas brasileiras, entre elas a nossa Petrobras. A intenção deste governo de extrema direita com Bolsonaro e Guedes é acabar com as empresas mais importantes deste país. Agora é o fechamento do funil.

Apequenada e suja

O governo quer desintegrar a Petrobras, para que ela deixe de ser uma empresa de energia e torná-la apenas de produção de petróleo e gás, ou seja, uma empresa apequenada do setor petrolífero e suja porque sai das áreas de renováveis, energia eólica e biocombustíveis.

Brasil acima de todos?

Esse governo que se diz patriota não passa de um governo entreguista, um lacaio do imperialismo norte-americano que bate continência para a bandeira dos Estados Unidos e entrega o nosso patrimônio a preço de banana, em meio a uma crise mundial.

Greve em fevereiro

Em fevereiro fizemos uma greve de 20 dias com esse tema como carro chefe para não deixar privatizar nenhuma planta. Acreditamos que deva ser necessário novamente partir para uma greve forte.

Comissão Parlamentar

Há uma Comissão Parlamentar no Congresso em defesa da Petrobras e estamos trabalhando bastante junto aos deputados e senadores tentando encontrar caminhos para que ela não seja fatiada.

Controle do preço

Hoje as regiões não competem entre si porque a Petrobras tem o controle do preço no país como um todo. Se fatiar por região, como vai entrar esse combustível no país? As empresas estrangeiras vão fazer o controle do combustível no nosso país? É necessário o controle da distribuição de forma unitária.

Perda de empregos e de qualidade

Sabemos que as sequelas para os trabalhadores serão imediatas, tanto o Dieese como o IBGE apontam estatisticamente que quando é privatizada uma planta desse porte, em quatro anos, em média, todos os trabalhadores são substituídos por outros com uma massa salarial menor. Há troca de mão de obra de alto nível por de qualificação menor, o que é muito arriscado para todo o sistema.

Fragiliza a segurança

Isso consequentemente começa a aumentar o número de acidentes nas instalações. Quem não se lembra do afundamento da P-36 em 2001, que poluiu o meio ambiente e deixou 11 trabalhadores mortos? Era a maior plataforma que tínhamos.

Era FHC

Lembramos o que aconteceu nos anos 1990 quando Fernando Henrique enxugou o sistema e, em 1997, quando alterou a legislação, quebrando o monopólio do petróleo. As empresas estrangeiras não vieram fazer planta de petróleo e refinaria aqui, não vieram instalar plataformas. Nesta época foram perdidos quase 30 mil empregos na estatal.

Era Lula

Conseguimos evitar o processo de desmonte e privatização com a eleição de um governo popular e democrático, do nosso companheiro Lula, que retomou as atividades em exploração e produção de petróleo e gás e ampliou as atividades da empresa para as áreas de energia como um todo. O governo Lula implementou uma visão diferente no sistema Petrobras, a transformou na gigante do petróleo que é hoje, aumentando o número de postos de trabalho. Ele estava fazendo com que a empresa crescesse para exportar combustível.

Pressão da sociedade

Nossa categoria mais uma vez está sendo chamada à luta para defender esse patrimônio público e a soberania nacional. É óbvio que mais uma vez vamos precisar do apoio da sociedade brasileira porque a Petrobras foi constituída a partir da pressão da sociedade, em 1953, na campanha ‘O Petróleo é Nosso’. Sabemos que 71% da população brasileira é contra a privatização, vamos todos precisar dizer que a #Petrobrasfica, gerando renda para os municípios estados e União.