Caso P-77 expõe política de morte da gestão da Petrobrás

[Da imprensa do Sindipetro-NF]

O caso da plataforma P-77, no campo de Búzios, que está entre as que retornaram a uma escala normal mesmo em meio à pandemia do coronavírus e voltaram a ter trabalhadores com teste positivo para covid-19, mostra como a Petrobrás continua a colocar os petroleiros e petroleiras em risco.

A empresa impôs o retorno a uma escala normal de trabalho no último dia 27 e, ao fazerem os testes, muitos trabalhadores acusaram positivo. Como tem sido sua prática, a gestão da companhia não divulgou os números de modo transparente.

Para a diretora do Sindipetro-NF, Jancileide Morgado, que atua no Departamento do Setor Privado, a situação é ainda mais preocupante para os trabalhadores das empresas privadas contratadas pela Petrobrás.

Na P-77, a sindicalista estima que aproximadamente 70% dos cerca de 100 trabalhadores que se revezam à bordo são empregados de empresas privadas. Assim como acontece em outras unidades, estes estão ainda mais vulneráveis.

“Regime horrível”

“Esse regime é horrível, onde nós terceirizados temos somente 14 dias de folga, sendo que temos que ir três dias antes e ficar em hotel, em muitos casos trabalhadorxs gastam um dia de viagem até ir para hotel no Rio, ficando somente nove dias em casa em isolamento”, relata Jancileide, que também é trabalhadora de uma empresa privada do setor petróleo, a Falcão Bauer.

“Essa gestão da Petrobrás vem deste o isolamento desrespeitado os trabalhadorxs, e no setor privado há a imposição da escala 21×21 sem pagamento de extras, depois a de 14×14, parecendo que tudo já voltou ao normal, não tem pandemia e nem mais de 90 mil mortos”, protesta a diretora.

Ela lembra ainda que o risco de contaminação cresce com as plataformas em atuação com o número normal de trabalhadores: “Sabemos que o risco de contaminação fica muito maior e as plataformas vem com POB [people on board] normal, colocando mais trabalhadorxs na linha de contaminação. Nós do sindicato deste começo estamos preocupados com as vidas destes que estão na linha de frente. A produção não pode valer mais que a vida”.