Petroleiros não estão à venda e vão lutar até o fim pela soberania da Petrobrás

 

Uma luta de todos. Quando o assunto é Petrobrás, a questão extrapola. Principalmente neste momento histórico em que os direcionamentos políticos no Brasil caminham para a pulverização de uma das maiores e melhores empresas do setor no mundo. Ter o petróleo como monopólio nacional não é só estratégico, é constitucional e questão de soberania; algo que nenhum país abre mão; ou melhor, abria mão, já que na gestão atual do governo federal há este diferencial, infelizmente.

Diante desse cenário, trabalhadores da Petrobrás de várias regiões do Brasil estiveram em frente a refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar) para protestar contra o desmonte empresa e manter a agenda de luta convocada pela Federação Única dos Petroleiros (FUP) permanente.

Protesto

A movimentação dos trabalhadores na Repar começou por volta das 6h. Durante as conversas com a base, os petroleiros disseram que umas das preocupações, pensando no pior cenário possível, é que o refino seja suspenso e que as atividades se restrinjam a tancagem (que consiste no armazenamento do petróleo e derivados para posterior distribuição).

Esta preocupação se justifica. Em uma das falas, durante o protesto, Deyvid Bacelar, diretor jurídico da FUP e do Sindipetro-BA, explicou que quando se fala em reduzir a potencialidade do refino, “significa dizer que a empresa irá perder 75% do seu lucro. O atual governo é o único no mundo que quer vender o monopólio do refino”. Veja abaixo:

O cenário piora quando se fala em direitos dos trabalhadores. Hoje a Petrobrás tem o que é considerado o melhor Acordo Coletivo do Brasil, mas, seguindo a lógica ultraliberal do atual governo, as condições só serão mantidas com muita luta. Para Adryeli Sacilotto de Camargo, diretora do Sindicato dos Servidores da Justiça do Trabalho, “com a privatização vai haver desemprego e flexibilização dos direitos dos trabalhadores”.

E não precisa ser gênio para entender que essa fragmentação já começou. Principalmente quando se avalia a “proposta” de reajuste salarial dos petroleiros: 1% (valor menor que a inflação). O fato é que a luta vai salvar os trabalhadores, já que Bolsonaro tenta desesperadamente entregar o Petrobrás.

“Eles passarão e nós passarinho! ”, parafraseou Mario Quintana a também gaúcha Elida Maich, diretora do Sindipetro Rio Grande do Sul. “Nós devemos resistir. Esse é o nosso papel, manter a empresa em pé!”, completou a dirigente.

1% é uma vergonha! Agora é greve!

Os petroleiros espalhados pelo Brasil já rejeitaram essa farsa chamada de “proposta” que a empresa enviou. Em todas as assembleias é unânime o NÃO ao “reajuste”. Também é unanimidade entre a categoria que essa negociação é reflexo da atual gestão da Petrobrás que pretende retirar do poder econômico da classe trabalhadora.

Agora é greve: “vai ser uma mobilização como nunca foi feita. Nem na década de noventa houve um sucateamento como esse atual governo está propondo”, disse Rafael Crespo, da FUP do Rio de Janeiro.

Historicamente o movimento sindical petroleiro é vanguarda na luta por direitos dos brasileiros. Desde quando a Petrobrás foi criada, em 1953, por Getúlio Vargas, há embates. Aconteceu durante a ditadura militar e no governo de Fernando Henrique Cardoso, que implantou uma política neoliberal nos anos noventa.

“Não vamos aceitar perder direitos. Desde o início desta campanha sempre batemos na mesma tecla: nenhum direito a menos. A Petrobrás gera emprego, desenvolvimento social, econômico e tecnológico. Agora vamos mobilizar a categoria para a greve geral”, finalizou Mário Alberto Dal Zot, presidente do Sindipetro Paraná e Santa Catarina durante a assembleia.

Após o encerramento do ato e da assembleia, os trabalhadores caminharam em direção a Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen), que também está no radar de privatizações do governo federal.

[Via Sindipetro-PR/SC]