FUP convoca mobilização para mostrar força da categoria a Castello Branco

 

O anúncio da venda de metade do parque de refino da Petrobras deixou os empregados da estatal apreensivos, por temer a perda das garantias conquistadas pela categoria ao longo dos anos, e que não deverão ser absorvidas pelos novos administradores das unidades. Em nota no site da Federação Única dos Petroleiros (FUP), os sindicalistas convocam os empregados para mostrar ao presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, “a força que a categoria tem”. Uma mobilização foi marcada para amanhã, 30 de abril, principalmente nas portas das refinarias.

“A partir desta data deve começar as mobilizações para construir a greve”, disse ao Broadcast um dos sindicalista envolvidos no movimento Simão Zanardi.

Na sexta-feira, um dia após uma assembleia autorizar a venda de ativos sem a obrigação do respaldo dos acionistas da estatal, Castello Branco anunciou a venda de 8 das 13 refinarias da companhia, o que vai reduzir a capacidade de refino da Petrobras em 1,1 milhão de barris diários de petróleo.

“Quando Castello Branco afirmou que vai vender 8 das 13 refinarias brasileiras, ele mexeu com a categoria mais forte e organizada deste País. Ao listar as refinarias, ele listou o nome de todos os empregados da Petrobras, inclusive os das unidades que não estão na lista de venda imediata”, afirma a FUP em seu site.

Estão na lista: Refinaria Abreu e Lima; Unidade de Industrialização do Xisto; Refinaria Landulpho Alves (RLAM); Refinaria Gabriel Passos (Regap); Refinaria Presidente Getúlio Vargas (REPAR); Refinaria Alberto Pasqualini (REFAP); Refinaria Isaac Sabbá (Reman); e Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (Lubnor).

A FUP pergunta o que será feito dos trabalhadores dessas refinarias, e se terão os mesmos direitos dos trabalhadores das outras refinarias que ficarão com a Petrobras. “Continuarão estes empregados a ter direito a AMS, Petros e todos os benefícios adquiridos pelo mérito de terem conseguido trabalhar numa grande empresa estatal?”, questionam.

A FUP contesta os argumentos de Castello Branco, de que com a venda haverá concorrência e o preço dos combustíveis será reduzido. Os trabalhadores temem que o refino saia de um monopólio estatal, que por lei precisa proteger o consumidor, para um monopólio privado, onde não há compromisso do controle de preços.

“Como principal acionista, o governo tem o dever de promover políticas públicas para defender o interesse dos brasileiros e está na Lei 9478 que é obrigado a abastecer o mercado interno. Mas, Castello Branco quer transformar um monopólio estatal num monopólio privado”, acusa a FUP.

Procurada, a Petrobras ainda não respondeu à reportagem.

Via Estadão