Um olho no caminhoneiro, outro na Chevron

Jair Bolsonaro fez, na quinta-feira, 11, exatamente o que criticava no governo Dilma Rousseff, controlar o preço do combustível ofertado pela Petrobrás. Fez, no entanto, por motivos diversos da política de estado induzida no governo petista.

Ameaça de greve dos caminhoneiros

Segundo noticiado, de posse de informações sobre uma nova paralisação dos caminhoneiros, o governo interveio na Petrobrás. Este foi o motivo especulado pela
mídia logo após o anúncio de um reajuste de 5,7% no preço do diesel. Na noite da quintafeira, Bolsonaro telefonou para o presidente da Petrobrás, Roberto Castello Branco, que suspendeu o aumento. O empresariado especulativo viu na ação do governo um intervencionismo nefasto aos seus interesses; em dia, a Petrobrás perdeu R$ 32 bilhões em valor de mercado.

Venda das refinarias

Outra questão por trás das manobras governamentais é a deliberada política de enfraquecimento da empresa para facilitar a privatização de todas as refinarias. Sem o refino, a Petrobrás passaria a ser um player insignificante no mercado internacional, escancarando a exploração do pré-sal nas mãos da Chevron, da Exxon, Total e outras companhias internacionais que estão deitando e rolando em nossas riquezas naturais.

Para o coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP), José Maria Rangel, a consequência para a população da venda das refinarias será “pagar a gasolina, o gás de cozinha ou o diesel, como se estivesse na Europa, a preços internacionais. Confira a mensagem de Zé Maria acessando. https://www.facebook.com/fupetroleiros/videos/2210938222502119/

Marcelo Mesquista, representante de conselheiros minoritários no Conselho de Administração, aproveitou a decisão do governo para reforçar a pressão pela privatização da Petrobrás, “assim a política de preços não sofreria interferência de governos”, declarou à Folha de S.Paulo.

O representante dos trabalhadores, Danilo Silva, criticou a posição de Mesquita, segundo ele, o episódio “mostra a importância da Petrobras como instrumento público e o povo brasileiro tem de pressionar para que ela se torne uma empresa 100% estatal. Imagine se o mercado de combustíveis estivesse nas mãos de uma chinesa ou de uma francesa, se elas teriam alguma sensibilidade em relação à greve dos caminhoneiros”, afirmou Danilo à agência de notícias Reuters.

Política de preços equivocada

Desde a época de Pedro, o entreguista, o Unificado e o movimento sindical da FUP, tem denunciado o equívoco da política de preços praticada pela Petrobrás. “Esse não
é um equívoco por incompetência de gestão, apenas, é uma política deliberada, que está no contexto do desmonte da empresa. Refina-se menos, exporta-se óleo bruto e compra-se derivados a preços internacionais, que são repassados para a população”, analisa o coordenador do Unificado, Juliano Deptula.

Essa política já gerou uma greve, em maio de 2018, dos caminhoneiros e dos petroleiros, que resultou na queda de Pedro Parente.

Estava previsto para ocorrer na segunda-feira uma reunião de Bolsonaro com ministros para debater esse tema e outras reivindicações dos caminhoneiros. Do jeito que esse governo é confuso, tudo pode acontecer.

Via Sindipetro Unificado de SP