Acidente na Plataforma de Enchova completa 34 anos

Há 34 anos, no dia 16 de agosto de 1984, os trabalhadores da Petrobrás viveram o pior acidente de trabalho da história da categoria. Durante um incêndio na plataforma Enchova, na Bacia de Campos, 37 petroleiros morreram e 19 ficaram feridos durante a queda de uma das baleeiras que retirava os trabalhadores da unidade.

A embarcação, lotada com 50 petroleiros, teve um dos cabos enroscados na estrutura de suporte, o que provocou uma descida irregular e, em seguida, a queda no mar de uma altura de 30 metros. Os que sobreviveram ficaram permanentemente marcados pela memória do terror que viveram.

O acidente de Enchova ocorreu em 1984, provocado por um vazamento seguido de explosão. Na época, o sindicato dos engenheiros denunciou como causa dessa tragédia as péssimas condições de trabalho e a política de metas de recordes de produção impostas pelas gerências.

Infelizmente, pouca coisa mudou de lá pra cá. Centenas de outros petroleiros morreram em acidentes de trabalho, em função da negligência e do descaso dos gestores da Petrobrás com a vida humana. Este ano, três petroleiros morreram em acidentes na Petrobrás. Todos eram terceirizados.

Nos últimos 23 anos, são 379 petroleiros mortos em acidentes de trabalho, dos quais 308 terceirizados. Ou seja, a cada dez acidentes, oito são com prestadores de serviço.

Assim como ocorreu com a Tragédia da P-36, todos os anos a FUP e o Sindipetro-NF fazem questão de relembrar o acidente de Enchova, para que as novas gerações de petroleiros se mantenham em alerta em relação à necessária luta constante pela vida, em defesa da segurança no trabalho.

Presente!

Morreram na tragédia os petroleiros da Petrobrás Antônio Francisco Fernandes, Antônio Pio Sales, Antônio Ricardo Pessanha Barretto, Carmélio Pimenta do Nascimento, Claudio Luis Pacheco Santos, Daniel Fortunato, Edson Rodrigues Simões, Everton Gomes da Silveira, Flávio Pereira de Souza, Gecildo Laerte Braga, Geneci da Silva, Hélio Cerqueira, Jonas dos Santos Coutinho, José Carlos Diniz, José Carlos Ferreira, José Renato Lopes Lima, Lédio de Carvalho Gonçalves, Luís Carlos Barbosa, Marcos Rogério Medeiros Queitos, Marcos Teixeira Cortes, Murilo Machado, Nelson Luiz de Oliveira Souza, Paulo Jorge de Oliveira, Paulo Roberto Barreto Lima, Richard Takahashi, Rigott Marcelino Barbosa e Rômulo Magno Ribeiro Lima.

Da empresa Meymar, Aldemir Soares da Silva, Álvaro Cabral, Carlos Henrique Cabral, Gelson Gueiros Campinho, José Manoel de Oliveira, Roberto de Souza, Salomão Souza Godinho e Valcir Brandão Gonçalves.

Da PRU Engenharia, Gilberto Raimundo da Silva. E da Rolls Royce, Luís Conrado Luber.

Desmonte aumentou a insegurança

Os cortes de investimentos e a privatização de ativos potencializaram os riscos de acidentes, principalmente em função da redução de efetivos, da falta de manutenção das unidades e da consequente precarização das condições de trabalho.

Em pesquisa feita pela FUP e seus sindicatos com os trabalhadores das refinarias, 94% dos 1.180 petroleiros que participaram da consulta informaram que não se sentem seguros nas unidades. Apenas 170 trabalhadores disseram ter tido algum tipo de treinamento sobre os procedimentos de Segurança e Saúde no Trabalho com Inflamáveis e Combustíveis, como prevê a NR-20.

O cenário de insegurança é o mesmo nas plataformas, terminais e campos de produção terrestre, onde vários ativos estão sendo privatizados. O resultado desse desmonte é o aumento das ocorrências de emergência, acidentes frequentes e 14 trabalhadores mortos neste dois anos da gestão temerária dos golpistas.

[FUP, com informações do Sindipetro-NF]