Fórum Social Mundial chega ao fim propondo alternativas aos retrocessos democráticos

A décima terceira edição do Fórum Social Mundial chegou ao fim neste sábado (17), atraindo mais de 60 mil pessoas para as diversas atividades e debates realizados nos cinco dias de evento.
 
A concentração principal foi no campus da Universidade Federal da Bahia (UFBA), em Ondina, mas outros espaços da capital baiana como; o Parque de Exposições, o Teatro Isba e o estádio de Pituaçu registraram atividades.
 
Temas como democratização da comunicação, sistema financeiro, trabalho, educação e juventude, futuro do trabalho, ciência e tecnologia, emprego e renda, direitos para migrantes e refugiados, soberania nacional e ciência e tecnologia deram tom ao Fórum que pela primeira vez está sendo realizado em uma cidade nordestina. “Esse é o meu primeiro fórum e os debates estão sendo muito ricos e complementares e mostram a importância de travarmos nossas lutas e enfrentamentos contra o avanço do neoliberalismo”, afirma a estudante chilena Maribel Diaz.
 
O presidente da Central Única dos Trabalhadores da Bahia, destacou a importância do evento realizado na capital baiana. “A CUT Bahia está orgulhosa por organizar o Fórum Social Mundial aqui em Salvador. O saldo positivo é que temos a certeza que pessoas de outros estados, de outros países, voltem para seus locais de origem cheios de energia e possíveis resoluções de uma sociedade possível, que respeita os direitos de todos (as)”,  presidente da CUT Bahia, Cedro Silva.
 
Confira um balanço do que foi promovido durante os 5 dias de atividades no FSM 2018
 
Geração de Renda
 
Espaço democrático e construído de forma coletiva entre organizações sociais; o Fórum Social Mundial foi a oportunidade também para muitas famílias ganharem um dinheiro extra e garantir o sustento. É o caso de Maria Andrezina, artesã do Tocantins. Ela percorreu uma distância de mais de 1500 km em três dias de viagem para expor e vender os artesanatos que desenvolve com o capim dourado. O trabalho é desenvolvido pela família  há gerações e é a única fonte de renda da família. “Com o dinheiro das vendas pago as contas e mantenho as despesas da casa. O Fórum é uma excelente oportunidade”, conta.
 
Garantir a renda também é um dos objetivos de Thais Maciel, do coletivo de mães. Natural de Brasília, Thais viaja o Brasil com o filho Davi, de um ano e seis meses e com outras mães levando o artesanato de peças exotéricas. “Viajo esse país e o Davi me acompanha desde os dois meses de vida. Com a venda desses artesanatos mantenho as minhas despesas e as dele. É o que me importa. Não quero ficar rica, quero sustentar minha família e participar de momentos como esse”, relata.
 
Produtos da agricultura familiar, roupas, e artigos ecológicos de cama, mesa e banho também eram encontrados por toda a extensão do Campus da Universidade Federal, aquecendo a economia solidária.
 
 O Futuro do Trabalho
 
O Futuro do Trabalho foi tema prioritário na Tenda da CUT durante os cinco dias do Fórum Social Mundial.
 
Na edição deste ano, os eixos temáticos e as prioridades da CUT foram: 1) democracia e trabalho, 2) o futuro do trabalho, 3) produção de alimentos/soberania alimentar; e, 4) migrações.
 
As atividades reuniram centenas de participantes de diversas categorias nas duas Tendas (Margarina e Chico).
 
Para essas atividades realizadas na Tenda, a CUT trouxe convidados especiais como; Márcio Porchman, da Fundação Perseu Abramo; João Felício, da CSI; Vitor Baez, da CSA; o embaixador Celso Amorim, ex-ministro de Relações Exteriores; e Valter Sanches, da Industrial, entre outros.
  
Participação dos Sindicatos
  
A participação dos sindicatos foi decisiva para o sucesso do Fórum Social Mundial 2018 na Bahia.
 
Com suas bandeiras de luta e temáticas em defesa dos trabalhadores e trabalhadoras do Bahia e do Brasil, os sindicatos contribuíram para a construção de um mundo melhor.
 
Ao longo dos 5 dias de debates mais de 100 atividades foram inscritas e  debatidas na Tenda O Futuro do Trabalho. Reconhecimento, unidade e compromisso com os trabalhadores resumem a participação dos sindicatos.
 
Forinho
 
Pela primeira vez em todas as edições de realização do Fórum Social Mundial as crianças tiveram seu espaço reservado. Enquanto a mãe do Davi vendia o artesanato, ele participa, ao lado de outras crianças, do Forinho.
 
O Fórum mirim inseriu os pequenos na programação com atividades lúdicas e recreativas. “Enquanto eu estou nos debates, na luta, ela está se divertindo”,diz a mãe do Davi.
 
Intervenções artísticas e culturais
 
Artistas de expressão nacional como Tulipa Ruiz, Ilê Aiyê e Ana Cañas participaram do Fórum Social Mundial. A paulista Ana Cañas participou do Assembleia Mundial das Democracias, realizado no estádio de Pituaçu com a participação de diversos líderes desenvolvimentistas como o ex-presidente Lula e o ex-líder de Honduras Manuel Zelaya, e prestou uma homenagem a vereadora Marielle Franco, do PSOL, executada no Rio de Janeiro na noite da última quarta-feira(15). No mesmo evento, o bloco afro Ilê Aiyê realizou uma apresentação, valorizando a cultura negra e rechaçando o racismo e todas as formas de preconceito. Já a cantora Tulipa Ruiz fez uma apresentação para as juventudes que estavam acampadas no Parque de Exposições.
 
Defesa do Lula e das Democracias
 
Os pontos altos do Fórum aconteceram na quinta-feira e contou com a participação do ex-presidente Lula, da ex-presidenta Dilma Rousseff e do ex-líder de Honduras, Manuel Zelaya. A presidenta foi aclamada no evento de Lançamento do Comitê de Solidariedade Internacional em Defesa de Lula e da Democracia no Brasil, realizado na Tenda Futuro do Trabalho. O Comitê tem como objetivo iniciar uma articulação com apoio mundial para derrubar o golpe e o sistema de recessão instaurado no Brasil. Organizado pela Central Única dos Trabalhadores e Fundação Perseu Abramo, o lançamento do Comitê contou também com a presença do embaixador e ex-ministro da defesa, Celso Amorim, e do professor da Universidade de Coimbra, em Portugal, Boaventura de Sousa Santos.
 
A noite, foi o momento mais aguardado de toda a programação e foi também o de maior adesão. Milhares de pessoas se reuniram no Estádio de Pituaçu para participar da Assembleia Mundial em Defesa das Democracias e para ver de perto os grandes expoentes dos movimentos e partidos de esquerda. O  convidado mais aguardado  foi o ex-presidente Lula, mas o público pôde vibrar se emocionar e imaginar um futuro melhor para o nosso país com discursos do governador da Bahia Rui Costa, da senadora Gleisi Hoffman, da deputada federal e candidata à presidência Manuela D’ávila, do ex-presidente de Honduras, Manuel Zelaya, além de lideranças sindicais e representantes de movimentos sociais e estudantis. Todos unidos para exaltar a preservação do estado democrático de direito que vem sendo constantemente ameaçado pelo governo golpista de Michel Temer.
 
Assembleia das Mulheres
 
Durante o evento realizado no Pelourinho, as mulheres aprovaram o documento que expressa toda a indignação pela situação a que estão submetidas. O documento propõe caminhos para superar todas as questões em defesa das mulheres em todo o mundo todo.
 
O documento inclui 11 propostas que farão parte da agenda internacionalista. Dentre as exigências das mulheres estão: políticas públicas que garantam o trabalho produtivo e reprodutivo; pelo reconhecimento da identidade de expressão e de gênero e  pelo reconhecimento dos direitos das mulheres; pelo fim do feminicídio, transfeminicídio e de todas as formas de violências contra as mulheres praticadas em todos os âmbitos sejam público e privado; pelo acesso ao poder político; pelo fim da perseguição e o assassinato das defensoras dos direitos humanos das mulheres; pelo acesso à educação universal emancipatória, transformadora e não sexista nem racista; pelo fim das prisões de negros, indígenas, imigrantes e pessoas pobres; pelo desmantelamento da estrutura patriarcal dos meios de comunicação. As mulheres se manifestam contra o racismo, xenofobia, genocídio e todas as formas de discriminação; contra o capitalismo, o colonialismo e o imperialismo que explora e se apropria das mulheres por todo o planeta.
 
As mulheres aprovaram uma moção de repúdio pela morte da vereadora Marielle Franco e outra de solidariedade a luta das mulheres da Venezuela.
 
Ao final da Assembleia, as participantes saíram em marcha ao som da Banda Didá do Terreiro de Jesus até a Praça Municipal.
 
Acampamento da Juventude – A partir de hoje (17), uma nova fase de confrontos sociais e políticos entram em cena para centenas de jovens do país.  O Acampamento da Intercontinental da Juventude reuniu jovens de todo o país para falar de política e direitos da juventude no Brasil e no mundo.
 
Foram três dias de debates, integração e muita diversão protagonizada pelos jovens no Parque de Exposições em Salvador. 
 
Ágora dos Futuros – Na manhã do último dia (17), foram apresentados os resultados e desdobramentos de variadas atividades.
 
O último dia do Fórum Social Mundial reservou um momento importante de convergência entre os 19 eixos de discussão que fizeram parte do evento. Integrantes de várias partes do mundo transformaram a Biblioteca Central da UFBA na “ Ágora dos Futuros”, um espaço destinado para  exposição de ações que vão manter acesa a chama de conhecimento que foi criada durante a 13ª  edição do Fórum Social Mundial em Salvador.
 
Participaram das atividades mais de 60 mil pessoas de 120 países e 1500 coletivos, organizações e entidades foram  cadastrados.
 
Cerca de  1400 atividades autogestionadas foram realizadas com a  participação de representantes de países do mundo inteiro, como: Canadá, Marrocos, Finlândia, França, Alemanha, Tunísia, Guiné, Senegal, além de países Panamazônicos e representações nacionais.
 
[Via Coletivo de Comunicação da CUT para o FSM]