Em seminário sobre saúde e segurança, médico do trabalho aponta contradições nas CATs emitidas pela Petrobrás

Sindipetro NF

Utilizando números de Comunicações de Acidentes de Trabalho (CAT) nos anos 2011 e 2012, o médico do trabalho Ricardo Garcia Duarte, que assessora o Departamento de Saúde do Sindipetro-NF, apresentou contradições que apontam para a existência de subnotificação. Ele participou do painel desta tarde do Seminário P-36: Uma História de Luta pela Vida, junto com o diretor do NF, Norton Almeida, com moderação do também diretor sindical Francisco Tojeiro.

Duarte mostrou que há entre um ano e outro um padrão de redução no número de CATs, sugerindo não a diminuição real no número de casos, mas uma orientação geral no sentido de que os registros sejam evitados. Foram 249 CATs recebidas pelo Sindipetro-NF da Petrobrás em 2012, contra 372 CATs em 2011, somente em relação a empregados próprios da companhia.

E ao detalhar os números, ele cita alguns exemplos de incongruência. Em 2011, foram preenchidos como “sem afastamento” 60 casos de fraturas.  Em 2012, foram 65 também “sem afastamento”.

“Qualquer um sabe que não é possível trabalhar fraturado, como podem registrar como sendo sem afastamento um caso de fratura?”, questionou.

O mesmo raciocínio foi feito pelo médico em relação a casos como o de diarréia, onde também aparecem com frequência CATs “sem afastamento”.

Outro problema apontado pelo profissional nas comunicações é a falta de detalhamento sobre a gravidade do acidente. Ele cita os casos de “queimadura”, que são somente assim descritos nas CAT, sem que se saiba o nível de dano ao acidentado.

O médico pontuou que a Bacia de Campos vive um cenário de grandes acidentes industriais, riscos múltiplos mitigados ou desconsiderados, subnotificações, culpabilização dos trabalhadores e abalos na imagem empresarial em razão dos problemas com a segurança no trabalho.

GT de SMS

Um dos representantes dos trabalhadores no Grupo de Trabalho de SMS (Saúde, Meio Ambiente e Segurança), que reúne cinco sindicalistas e cinco indicados pela Petrobrás, o diretor Norton Almeida falou sobre a experiência no GT, que não tem dado resultados satisfatórios. Ele destacou que a empresa reconheceu a existência da subnotificação de acidentes, mas não avançou em políticas concretas para combatê-la.

“Começou a haver um chove-não-molha, uma enrolação por parte da empresa e chegamos a sair do grupo”, disse Almeida, que explicou que os trabalhadores retornaram ao GT após a empresa ter se comprometido a atender reivindicações pendentes.

Uma série de mudanças na gestão da Petrobrás tem sido utilizada pela empresa para justificar a falta de produtividade do GT. Neste ano de 2013, houve apenas uma reunião do grupo.