Haddad: Poder público tem de aprender a lidar com novos movimentos

 

Rede Brasil Atual

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), disse ontem (16) que o poder público não está preparado para lidar com grupos como o Movimento Passe Livre (MPL), que se organiza pela a internet e não faz o diálogo pelos canais tradicionais.

“Acredito que nós temos de ter um aprendizado mútuo, não resta dúvida. O poder público tem que estar preparado para esse tipo de intervenção, nova (…), vai ter que criar canais que não são os tradicionais, porque os tradicionais eles não ocupam. Você chama uma discussão pública sobre o assunto e não há comparecimento. Mas se você chama, no Facebook, um encontro na praça, milhares aparecem. E como é que você lida com isso, como é que você dá expressão pra isso e respeitando o estado democrático de direito?”, questiona o prefeito, durante entrevista em vídeo ao Portal GGN.

Haddad disse que em seu governo há várias pessoas com origem nos movimentos sociais que estão debruçadas sobre o tema. “Tem muito militante histórico aqui. Tem muita gente na minha administração que lutou em todas as lutas democráticas que você pode imaginar. E essas pessoas estão se sentindo desafiadas por isso, no bom sentido. Como é que encaixa aqui, como é que a gente transforma isso em uma energia positiva para a cidade?”.

Ele considera que os novos movimentos também precisam aprender a transformar suas reivindicações em propostas aplicáveis.

“Vamos pegar a radicalidade da proposta [do MPL]: tarifa zero. Bom, é um sistema que custa R$ 6 bilhões. Temos que remunerar os motoristas, os cobradores, adquirir os ônibus, fazer os investimentos nas faixas exclusivas, combustível… Tem um custo. Como é que vamos financiar? Com o orçamento atual é possível? Se não, qual a fonte alternativa de financiamento? Então, essas bandeiras precisam se traduzir em propostas práticas”.

Nesse contexto, Haddad começa a entrevista afirmando que achou “estranho” quando, após o primeiro ato contra o aumento das tarifas do transporte público em São Paulo, ele chamou uma reunião com o MPL e este teria recusado. “Para nós foi uma situação inédita. Você abrir as portas de prefeitura e ouvir um ‘não, nós não queremos conversa’, eu já achei estranho”.

Ele disse considerar que o MPL pode ser parceiro na luta por mais desoneração federal na área de transporte. “Há como evoluir na agenda de desoneração? Na minha opinião, há. E eles poderiam ser aliados, inclusive dos prefeitos, nesse movimento”.

Assista à trechos da entrevista, feita pelo jornalista Luis Nassif, aqui.