O secretário nacional de Administração e Finanças da CUT faz uma avaliação do Dia Nacional de Mobilização







 Em todo o Brasil, militantes CUTistas junto com movimentos sociais como o MST, Marcha Mundial das Mulheres e CMP – Central de Movimentos Populares, lotaram ruas e avenidas das principais capitais do país no dia 6 de julho – Dia Nacional de Mobilização da CUT.

Confira a entrevista publicada originalmente no Portal da CUT. Vagner Freitas, secretário nacional de Administração e Finanças da CUT faz um balanço das atividades e fala da importância dessas manifestações para as campanhas salariais do 2º semestre.

Qual a avaliação da CUT sobre o Dia Nacional de Mobilização em todo o país?

As estaduais da CUT e os ramos estão de parabéns, houve muita dedicação dos sindicatos e da militância. A proposta que tínhamos era tingir de vermelho as ruas, as praças do país no dia 6 de Julho, levando à sociedade a pauta que a CUT quer fazer valer no Congresso Nacional, e conseguimos. Em todos os estados ocorreram manifestações – paralisações, atrasos na entrada, atos públicos, passeatas, panfletagens -, cada um deles de acordo com a conjuntura estadual e isso foi altamente positivo. O 6 de julho uniu a militância Cutista em torno dos temas e pautas fundamentais para a classe trabalhadora. Acredito que devemos fazer mais vezes manifestações como esta.

Qual a importância de ter o MST, a CMP e a Marcha Mundial das Mulheres juntos com a CUT nas manifestações do dia 6 de Julho?

A importância é por conta de termos similaridades em muitas questões que estão na pauta dos movimentos sociais. A luta sindical tem a ver com a luta da moradia, com a luta pela reforma agrária, contra o preconceito e com a luta das mulheres, por exemplo. Nossa representação, enquanto CUT, é em defesa da classe trabalhadora, discutindo questões de trabalho, emprego, salário, qualificação profissional. A CUT vê o trabalhador e a trabalhadora como um todo, ou seja, nosso sindicalismo tem como princípio a transformação da sociedade. Portanto, a vinculação aos demais movimentos sociais, que também têm esse objetivo, como é o MST, a CMP, a MMM, é extremamente importante, pois fazemos parte dessa mesma trajetória. Temos convicção de que junto fazemos a diferença.

Depois da mobilização nacional, quais os próximos passos em defesa das reivindicações do 6 julho?

Temos que fazer com que o Congresso Nacional escute o nosso grito, que ecoou nas ruas no último dia 6. Temos que voltar a discutir e a exigir que nossa pauta ande no Congresso, que não se manifesta. A pauta da classe trabalhadora está parada. O Congresso nem sequer diz se é contra ou a favor, como é o caso da Redução da Jornada de Trabalho para 40 horas sem redução de salário. Por isso, devemos fazer o movimento correto: continuarmos indo às ruas em um processo de mobilização como o do dia 6, chamar a atenção da mídia, da imprensa, mesmo que a cobertura da grande mídia tenha sido muito menor do que foi o ato. Ir ao parlamento, ao executivo, pra discutir nossa pauta e colocar em discussão, principalmente, a jornada de trabalho e a terceirização.

A questão da terceirização é um absurdo.  Além de não ter sido votado o projeto do Deputado Vicentinho, projeto construído com a CUT e em comum acordo com as demais centrais, há possibilidade de aprovarem o projeto do Deputado Sandro Mabel, que é um projeto atrasado, que favorece a precarização em vez de combatê-la. Continuaremos nossa pressão em Brasília para que esse projeto do Mabel não seja aprovado.

As mobilizações fortalecem as negociações das campanhas salariais do segundo semestre? Fortalece a luta em defesa da pauta dos trabalhadores?

A ideia sempre é essa. Fazemos campanhas salariais coordenadas pela CUT. Sabemos que nem sempre isso é possível, porque as categorias têm suas especificidades e suas próprias estratégias. Mas a ideia é conseguirmos nesse semestre unificar as campanhas dos grandes ramos – como bancários, metalúrgicos, petroleiros, professores, químicos, de maneira que, na  pauta dessas campanhas sejam inseridos temas de interesse dos trabalhadores de todo o Brasil, como terceirização, redução da jornada, reforma agrária, reforma política, reforma tributária, de forma que as pautas tenham em comum, questões da conjuntura nacional, além, claro, dos temas específicos de cada sindicato – as questões sociais, financeiras e trabalhistas.

Essas bandeiras em comum, não devem ser tratadas só como bandeiras da CUT Nacional, mas de toda a estrutura CUT – estados, ramos, sindicatos -, não só da Executiva Nacional. Elas também devem ser tratadas no Congresso Nacional e nós temos condições de fazer efetivar nossas reivindicações se elas entrarem no dia a dia de nossos sindicatos, ou seja, se não forem apenas lembradas em um determinado dia de luta. Todo dia tem que ser dia de luta e as reivindicações precisam estar no cotidiano, na pauta dos sindicatos, da mesma forma quanto à luta por melhores salários, emprego e benefícios.

Nossas mobilizações fortalecem sim as negociações nas campanhas salariais, se os nossos sindicatos cumprirem o papel de fazer uma pauta que não seja voltada só para a sua categoria, mas sim, voltada a toda representação. Esse é o jeito cutista de fazer movimento sindical e essa é nossa diferença.

A importância da mobilização do 6 de julho.

O engajamento dos sindicatos no 6 de julho teve uma resposta bastante positiva. Não tem central sindical forte sem sindicatos de base fortes e organizados, sem CUT estadual forte e organizada. Acho que o 6 de julho foi uma demonstração de que temos a possibilidade de construir uma pauta que toca no coração dos militantes. O melhor ativo que a CUT tem e nenhuma outra central tem, são os militantes. O 6 de julho foi importantíssimo por conta dessa característica.