O Coordenador do Sindipetro-MG fala sobre o processo eleitoral que elegeu a nova diretoria e cita as principais bandeiras de luta do sindicato







Com 65,16% dos votos, a Chapa 01 – Unidade, Luta e Conquista – venceu a eleição do Sindipetro/MG, concluída no último dia 29. Quase mil petroleiros foram às urnas, entre aposentados e ativa. Pela primeira vez, os trabalhadores da usina de Montes Claros participaram do processo eleitoral e estão também representados na nova diretoria do sindicato.  A Chapa 1, apoiada pela FUP, conquistou 649 votos (65,16%), contra 333 obtidos pela chapa da oposição (3,43%). No total, foram 996 votos, dos quais, 3 brancos e 11 nulos.

A nova diretoria do Sindipetro-MG eleita para o triênio 2011 a 2014 será composta por 28 trabalhadores, dos quais 11 na Executiva do sindicato, tendo como coordenador o petroleiro Leopoldino Ferreira de Paula Martins, que também é diretor da FUP. 

Leopoldino Ferreira fala sobre as condições de trabalho dos petroleiros de Minas Gerais, explica o processo  eleitoral que elegeu a nova diretoria e cita as próximas bandeiras de luta do Sindipetro-MG. Confira a entrevista:

 

Qual foi a plataforma política da Chapa 01 durante o processo eleitoral do Sindipetro-MG?

Durante todo o processo eleitoral, nós falamos sobre os principais fatos e verdades, que não por acaso, deram o nome à Chapa 01 – Unidade, Luta e Conquista. Nós sempre priorizamos falar das diversas vitórias dos petroleiros nos últimos anos, que foram conquistadas e ampliadas através das negociações da FUP e do sindicato com a direção da Petrobrás, e da mobilização dos trabalhadores. Portanto, a plataforma política da Chapa 01 foi baseada na verdade, ou seja, nas conquistas dos petroleiros.                                                                                             

Quais são as principais bandeiras de luta do sindicato para o próximo triênio?

A nova gestão do Sindipetro-MG tem como prioridade manter as atuais conquistas, lutar para amplia-las e continuar reivindicando melhores condições de trabalho, saúde e segurança para os trabalhadores da ativa. De imediato, o sindicato iniciará um longo debate com a categoria sobre o estudo de efetivo e de número mínimo de trabalhadores na Regap. Paralelamente, continuaremos apoiando as centrais na luta pelo fim do fator previdenciário e a redução da jornada de trabalho. Em relação aos aposentados do Sistema Petrobrás e suas subsidiárias, o sindicato intensificará as negociações pela reabertura da repactuação e do BPO (Benefício Proporcional Opcional) do Plano Petros, pela divisão do superávit para os aposentados e a portabilidade do Plano Petros 1 para o Petros 2, para o pessoal da ativaque se desligaram do Plano Petros 1. Além disso, também buscaremos através do superávit do Plano, que só foi possível devido à repactuação, uma solução para o pessoal 78/79, que se aposentou com redução do benefício. Outra prioridade do sindicato é o acompanhamento de uma Ação Civil Pública, que terá sua sentença até o mês de agosto de 2011, possibilitando maior autonomia aos representantes das CIPA’s. O Sindipetro-MG também vai intensificar a manutenção da unidade dos petroleiros em torno da FUP, e através disto, resolver as regras das PLR’s futuras, entre outras demandas da categoria.

Como estão as condições de trabalho dos petroleiros próprios e terceirizados de MG?

As condições dos petroleiros próprios e terceirizados não são muito diferentes em relação aos afastamentos por pressão psicológica, porém, os trabalhadores terceirizados são mais penalizados. Infelizmente, não temos as condições que gostaríamos, para acompanhar o dia a dia destes trabalhadores. Em muitos casos, os sindicatos dos petroleiros são informados sobre ações truculentas por parte de gerências ou sobre pendências nas unidades e péssimas condições de trabalho para os terceirizados. Nestes casos, os sindicatos procuram os trabalhadores e até fazem denuncias em seus próprios instrumentos de comunicação ou à DRT, porém, muitos dos petroleiros terceirizados não dão continuidade às denuncias, devido ao medo de alguma represália por parte da empresa contratada e da Petrobrás/Regap.

 Hoje temos várias denuncias de riscos de acidentes nas áreas operacionais, e já levamos três  casos para o gerente geral da Refinaria, além disso, outra grave denuncia que nos chega em relação aos trabalhadores próprios, é a questão do assédio moral. Certamente, os trabalhadores terceirizados também sofrem com isso, porém, dificilmente o sindicato é informado, por motivos óbvios, que são as retaliações.

O Sindipetro –MG também representa os trabalhadores da Usina de Montes Claros. Como tem sido a relação destes trabalhadores com o sindicato?

Nós reformulamos o estatuto do sindicato e hoje também representamos os trabalhadores da Usina de Montes Claros de Biodiesel, e os companheiros das Termelétricas Aureliano Chaves em Ibirité e da Termelétrica de Juiz de Fora, que agora iremos procura-los e explicar a importância da sindicalização.

A relação destes trabalhadores com o sindicato não tem sido fácil devido a distancia. Contudo,   neste mandato, teremos um representante do Sindipetro-MG, o companheiro Daniel Amorim que é da Regap, e representará o sindicato provisoriamente na Usina de Montes Claros e nas Termelétricas. Nesta nova gestão, faremos uma visita mensal nestas unidades, e se preciso for, vamos intensifica-las, até mesmo com a presença das assessorias do sindicato. Após todos os esclarecimentos que faremos aos trabalhadores, eles poderão decidir sobre a criação de uma sub-sede do Sindipetro-MG.

Qual a visão da nova diretoria do Sindipetro-MG em relação a atual organização sindical?

A minha avaliação particular é que precisamos fazer uma reforma sindical que dê mais liberdade e autonomia aos sindicatos e mais representatividade por ramo de produção, como no caso dos petroleiros que representam os trabalhadores terceirizados do setor petróleo. Também é necessário a implementação da OLT (Organização por Local de Trabalho) para a categoria petroleira, e o fim do Imposto Sindical, que apesar de ter sido aprovado, até o momento não foi implementado.

No Sindipetro-MG, a nossa diretoria já fará reformas para este triênio, que é o inicio de um processo de autonomia para cada secretaria do sindicato, que automaticamente agilizará as ações em todas as secretarias.

Nos últimos anos, quais os principais enfrentamentos do sindicato com a Petrobrás em relação às condições de trabalho nas unidades da empresa em MG?

Os maiores enfrentamentos acontecem devido às pressões por parte da chefia, pela falta de segurança no ambiente de trabalho, por causa das multifunções atribuídas aos trabalhadores, e principalmente, pelo o assédio moral por parte da gerência da empresa.