Representantes da FUP falam sobre a situação dos trabalhadores mexicanos depois da extinção da estatal elétrica do país


















Devido ao decreto que extinguiu a companhia estatal de energia do México (Luz e Força do Centro – LyFC) e deixou 44.600 trabalhadores desempregados, a FUP e outras entidades sindicais se reuniram na Conferência Nacional de Solidariedade ao Sindicato Mexicano de Eletricistas. Fale da situação dos eletricitários e sobre as principais deliberações do evento.

 

Chico – A situação dos trabalhadores eletricistas e de seus familiares é de grande sofrimento e resistência ao ataque sofrido  com  a perda dos seus postos de trabalho. Sabemos que a unidade dos trabalhadores no momento da perda do emprego é fundamental, e neste caso, não foi diferente. Os trabalhadores mexicanos estão desempregados há cinco meses, e sem expectativa de retorno. As ações do governo mexicano aos trabalhadores do SME (Sindicato Mexicano de Eletricistas) são ataques à democracia, à organização sindical, aos direitos humanos e sociais. Um deles é a supressão do contrato coletivo de trabalho, dos direitos políticos e da constituição do país. Temos que ficar bastante atentos e organizados para que essa iniciativa não tome conta da América Latina.

 

A Conferência contou com a presença de vários países e mais de 100 organizações sindicais de todo o mundo. Todos os representantes do Brasil se manifestaram reafirmando o compromisso de apoio ao SME e a sua greve do dia 16 de março.

 

Foram discutidas e aprovadas mobilizações em todos os países em frente à Embaixada Mexicana, e uma ampla campanha financeira para garantir o movimento dos trabalhadores eletricistas e mineiros do México. Dois documentos em solidariedade ao SME foram aprovados por unanimidade, com exigências ao governo Mexicano. Além disso, também foi enviada uma carta aberta ao governo de Caldeiron, com o pronunciamento Internacional em solidariedade ao SME.

 

Caetano – Deste outubro do ano passado, os trabalhadores mexicanos estão sem receber salários e a direção do SME também foi demitida. O governo mexicano estimulou  os ex-dirigentes a disputarem as eleições sindicais e não obtiveram sucesso. Entretanto ainda não foi resolvido o processo eleitoral e o governo não reconhece a direção legitimamente eleita.

As consequências sociais são desastrosas com milhares de famílias de eletricitários e mineiros completamente desamparados sobrevivendo às custas da solidariedade nacional e internacional.

A Conferência Internacional tomou deliberações importantes no campo da solidariedade como a campanha de coletas de recursos financeiros para bancar a luta e a manutenção do sustento das famílias, com o envolvimento de várias organizações internacionais, inclusive a FUP. No campo da mobilização no dia 16 de março iniciou-se uma greve nacional de eletricitários e mineiros e ações em todas as embaixadas mexicanas, além da construção de um documento a ser encaminhado ao governo mexicano e à OIT.

 

 

As ações neoliberais do governo de Felipe Calderón também tem atingido outras categorias de trabalhadores no México?

 

Chico – O governo de Felipe Caldeiron atacou todos os setores organizados que efetivamente faziam oposição ao seu governo. Os professores, mineiros e demais setores organizados do país também foram demitidos Esta iniciativa do governo aconteceu devido à traição dos trabalhadores mexicanos que concorreram às eleições no SME, perderam, aliaram-se ao governo de Felipe Caldeiron e ao empresariado mexicano. Agora, estes ex-dirigentes sindicais possuem cargos de secretários de governo, acumulam fortunas e ostentam riquezas, tudo isso, repentinamente.

 

Caetano – Sim, o projeto neoliberal é aplicado com intensidade e crueldade em todo o México, com consequencias nefasta a todos os mexicanos, como demissões em massa, privatizações, falências de pequenas e médias empresas, além do aumento dos problemas sociais decorrentes desse processo como aumento da pobreza, prostituição entre outros.

 

 

Quais foram as propostas da FUP para resolução deste problema?

 

Chico Nós assinamos a carta encaminhada ao Presidente Felipe Caldeiron e o pronunciamento internacional em solidariedade ao SME e   informamos que a Federação Única dos Petroleiros se reunirá com seu colegiado para aprovar uma contribuição aos trabalhadores do SME.

 

Caetano – A FUP esteve presente como uma das organizadoras do evento, sempre firme nas proposições. Ajudou a elaborar os documentos ao governo mexicano e à OIT,  propôs as mobilizações nas embaixadas e um dia de mobilizações em todo o mundo, em defesa do estado de direito no México e em solidariedade aos trabalhadores mexicanos. Ainda está no comitê que organiza a arrecadação de fundos para a manutenção da luta e das famílias de trabalhadores.

 

  

A mídia local tem apoiado as ações ilegais do presidente mexicano?

 

Chico – A mídia local tem dado pouco apoio aos trabalhadores do SME e demais segmentos da sociedade organizada. Participamos de duas entrevistas coletivas no México, convocado pelo SME e demais organizações de outras categorias que se unificaram aos trabalhadores eletricistas. Para nossa surpresa, no dia seguinte fomos às bancas de jornais em busca de uma possível repercussão da nossa proposta de solidariedade, e  não encontramos nada, em nenhum jornal, ou TV. Neste ponto, não há diferença alguma com as grandes corporações do Brasil,  como Globo, e outros jornais partidários.

Caetano – Sim, no México como em qualquer outro lugar, a mídia burguesa está ao lado dos capitalistas. Todas as ações dos sindicalistas mexicanos não são divulgadas, com exceção de exibições pejorativas e desrespeitosas.

 

As entidades sindicais que compareceram ao evento darão continuidade às manifestações em defesa dos eletricitários mexicanos, em seus próprios países?

 

Chico – O compromisso assumido por todos os presentes na Conferencia Internacional, foi de solidariedade e continuidade ao apoio político e financeiro com os trabalhadores do SME, realizando manifestações nas embaixadas do México em seus países de origem.

 

Caetano – As ações de solidariedade internacional vão continuar em todos os países, com uma agenda de pressão ao governo mexicano, até que se restabeleça o estado de direito no México, o reconhecimento da direção do SME e a reintegração dos demitidos.

Somos todos mexicanos e também estamos nesta luta!