1º dia de clausura no Ceará: petroleiros relatam desorganização e risco de contaminação

 

A sociedade, no geral, está em casa, de quarentena, mas os petroleiros têm que trabalhar e entregar combustível para o Brasil não parar; e o mínimo que a Petrobrás pode fazer é ter responsabilidade sanitária e mais respeito

Na manhã da última terça-feira (24), funcionários e contratados da Petrobrás não tinham muitas informações sobre seu “Plano de Isolamento”. Os empregados inicialmente tiveram transporte por táxi de suas residências para o hotel às 10h. Enquanto outros da força de trabalho chegavam ao Hotel Holiday Inn, no Meireles, um dos bairros de maior foco de registros da capital cearensereceberam a informação de que o hotel não os aceitaria.

Quem chegava sequer eram autorizados a entrar no saguão pela segurança do hotel, que repetidamente informavam que a ordem era somente saídas, sem entradas naquele estabelecimento. Com isso, quem ainda estava em casa negou os taxis que foram remarcados para dois outros horários. Mais de 15 pessoas ficaram à sorte na frente do hotel até que a Petrobras resolvesse.

A notícia da mudança de hotel somente veio ocorrer após 11h da manhã, e os transportes mais uma vez reprogramados para a tarde. Alguns empregados, portanto, ainda voltaram para suas residências, aumentando a exposição. Os funcionários das contratadas vindos de Paracuru seguiram em van para o hotel Vila Galé, na Praia do Futuro.

Sem muitas informações, além de que a hospedagem incluía somente as refeições, o que assistiu por diante foram mais “desencontros”.

  1. Às 16h30 o hotel disse que não tinha autorização para destinar as roupas a lavanderia. Como se sabe, a orientação sanitária é de que se deva recolher roupas vindas dos espaços públicos e lavar, o que não foi possível, embora a Petrobras informe que inclui esse serviço.
  2. Das às 16h às 18h quatro pessoas ficaram na recepção do hotel, ainda sem autorização da Petrobras para a hospedagem. O hotel informava que a reserva era para 30 pessoas e já estavam ocupadas. Levou duas horas para a solução do problema, em que se mantiveram expostos.
  3. Nenhum representante da empresa compareceu ao hotel para falar com a força de trabalho, emitir orientações e eliminar dúvidas. Ao final da tarde a informação era que somente no dia seguinte o representante iria ao hotel.
  4. Com a falta de informações, a orientação de distanciamento não foi observada no refeitório durante o almoço. Há de se entender que se as pessoas já chegavam expostas em van e ficaram nas portas de hotel, assim ficaram na mesa sem a individualização, compartilhando mesas.

A cada situação aumentava ainda mais a ansiedade das pessoas com esse sentimento de desrespeito quanto à sua real segurança. A pergunta se repetia: onde estavam mais seguros, se em seus lares isolados com seus núcleos familiares, ou tendo que se deslocarem e ficarem expostos à várias situações e desinformações?

Os empregados continuam discordando da atuação da Petrobras, cuja testagem sem ter que os impor ao acréscimo de sete dias de seus embarques confinados e sete de isolamento em hotel, se mostraria mais seguro.

Esse início já demonstra que os argumentos de promover a segurança e garantir o isolamento não é eficaz nem nada saudável. Estamos acompanhando e cobrando que a empresa negocie adequadamente as ações junto aos Sindicatos e Federações.

[Via Sindipetro-CE/PI]