Petroleiros da Replan decidem que só farão troca de turno se houver segurança

A grave ocorrência registrada na Refinaria de Paulínia na quarta-feira (01/11), e que poderia ter resultado em uma tragédia, deixou os petroleiros ainda mais preocupados com a situação de perigo dentro da empresa. Em assembleias, realizadas na porta da Replan, que terminam na noite de hoje (03), os trabalhadores da produção e da área administrativa estão aprovando, por unanimidade, que a troca de turno só seja efetivada se houver total condição de segurança para os operadores.

Em reunião na tarde de hoje com os gerentes de RH, produção e SMS (Segurança, Meio Ambiente e Saúde), a direção do Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo (Sindipetro Unificado-SP) cobrou que a retomada operacional das unidades seja feita com todo cuidado e atenção necessários para que não haja riscos aos trabalhadores. “A gerência nos garantiu que tudo está sendo feito com critérios, dentro das normas de segurança e com monitoramento in loco”, afirmou o diretor do Unificado Itamar Sanches.

Os gerentes informaram que o funcionamento da Replan deve ser normalizado até segunda-feira (06). Algumas unidades já encontram-se em operação, mas ainda não estão processando a carga plena. “É muito importante que, a partir de agora, os trabalhadores sejam os fiscais de todo esse processo e confirmem se realmente as partidas das unidades estão ocorrendo com a devida segurança, como deve ser”, destacou Sanches.

Os dirigentes do Sindicato definiram uma escala de plantão, para acompanhar as trocas de turno na refinaria, que acontecem às 7h30, 15h30 e 23h30. “Se o grupo entrar e observar qualquer possibilidade de risco à integridade e a à vida, vamos parar os trabalhadores. Se não houver segurança na retomada do processo operacional, faremos o corte de rendição”, alertou o diretor Arthur Bob Ragusa.

O Sindicato também solicitou aos gerentes da Replan a participação na comissão que vai investigar as causas da parada de emergência. O incidente foi causado pelo rompimento de uma tubulação do sistema de ar comprimido, responsável pela operação de muitos equipamentos da refinaria, o que ocasionou o descontrole do craqueamento (processo de quebra das cadeias de carbono do petróleo) e a reversão do fluxo da carga dessa unidade.

Com isso, todo o volume de gás e óleo pulverizados saiu na chaminé da caldeira e foi lançado na atmosfera em forma de uma nuvem escura, gigante, inflamável e tóxica. “Foi uma sorte muito grande essa nuvem inflamável não ter encontrado uma fonte de ignição. Isso poderia ter causado um incêndio ou uma explosão de grandes proporções, que afetaria não só a refinaria, mas toda a região e, principalmente, a circunvizinhança”, declarou Bob. Além disso, segundo ele, havia fumaça tóxica, com chances de contaminação do ar e solo.

Requerimento

A assessoria jurídica do Unificado encaminhou na quinta-feira (02/11) um requerimento ao Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, com pedido de reconsideração da liminar que o Sindicato havia obtido em 30 de junho e que impedia a redução do efetivo mínimo na Replan.

A Petrobrás entrou com um agravo regimental, que teve parecer favorável do juiz relator do TRT Hamilton Luiz Scarabelim, no dia 11 de outubro, derrubando, dessa forma, a liminar do Sindicato. Segundo informações do advogado João Faccioli, o pedido deverá ser avaliado na segunda-feira (03) pelo próprio juiz relator.

A direção sindical considera que o corte no efetivo do pessoal que controla a produção, aliado à redução de investimentos e à falta de manutenção, tem contribuído para a precarização das condições de trabalho, aumentando os riscos de acidentes e a insegurança nas refinarias.

Via Sindipetro Unificado do Estado de São Paulo