Confira o editorial do boletim “Nascente”, do Sindipetro Norte Fluminense

Um dos painéis da VI Plenafup, realizada em Campos dos Goytacazes na semana passada, colocou a questão central que diferencia direita de esquerda: saber com quem fica a riqueza produzida pela humanidade. Se com muitos ou com poucos. No setor petróleo, a tensão que envolve o pré-sal é justamente esta. 

Os trabalhadores brasileiros precisam ter cuidado para não cair nas falácias sobre “quem tem recursos para explorar”, ou de que a “Petrobrás está falida”. Ao longo dos anos, argumentos assim foram utilizados para buscar justificar a concentração das riquezas do petróleo nas mãos de poucos países e de algumas multinacionais.

Contra esta corrente, e com muitos revezes históricos — como o da onda neoliberal dos anos 90 —, o Brasil conseguiu erguer a sua indústria do petróleo e hoje possui o que muitos países sonham em ter: tecnologia, trabalhadores capacitados, mercado interno e uma das maiores reservas do mundo. 

Não é por acaso que o petróleo é uma das raízes do golpe em curso no País e a transferência do seu direito de exploração no pré-sal para o setor privado é a obsessão de entreguistas como José Serra.

Nenhum país ou nenhuma empresa abriria mão do potencial de recursos presentes no pré-sal e nem mesmo do atual pós-sal. O Petróleo seguirá por muitos anos sendo uma das principais fontes de energia do mundo. Sua produção é tão estratégica que o produto baliza ciclos econômicos de longo prazo, enseja guerras e é responsável por uma robusta cadeia produtiva com impactos globais e regionais.

Um dos expositores do painel, o professor Roberto Moraes, do IFF (Instituto Federal Fluminense), apresentou dados dos seus estudos que mostram justamente o modo como a produção de petróleo é manipulada pelo capitalismo para gerar concentração de poder e de renda. “O ciclo do petróleo não é natural e nem nacional. Obedece a um movimento global”, disse. Ele foi um dos que argumentaram que os trabalhadores devem disputar globalmente o destino das riquezas produzidas pelo setor.

Este é o desafio dos trabalhadores: superar as demandas individuais, pensar como classe, e construir um futuro mais inclusivo e justo.

 

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