Encontro estadual de mulheres petroleiras foi um sucesso

 

Sindipetro-RN

Desde que começou a ser divulgado, o III Encontro de Mulheres Petroleiras do Rio Grande do Norte já prenunciava ser um sucesso. A procura por informações foi crescente, até a véspera da realização do evento. Na reta final, em razão do número limitado de vagas, algumas inscrições até tiveram que ser canceladas. Com as desistências de última hora, no entanto, ainda foram computadas um total de 67 participantes.

Além de trabalhadoras da Petrobrás, compareceram ao Encontro companheiras de 12 empresas privadas. De outros Estados, participaram representantes da FUP e dos Sindipetros de Manaus, Bahia, São Paulo e Norte-fluminense/RJ. Ao lado dos objetivos políticos, a programação diversificada certamente contribuiu para atrair o bom público. Equilibradamente temperada com informação, debate, cultura e contato com a natureza, as atividades foram sempre bem prestigiadas.

Chegada com cultura e homenagem

As delegações partiram de Natal e de Mossoró, em ônibus fretado, no início da manhã do sábado, 22. Às 9h30, já se encontravam no local do evento: o Rancho do Centro Petrobras de Desenvolvimento Sustentável “Ponta do Tubarão”, um espaço construído pela Petrobras por intermédio da Lei de Incentivo à Cultura, localizado na Reserva de mesmo nome, em Diogo Lopes, distrito de Macau.

Encantadas com a beleza do local, as participantes foram brindadas com um lanche receptivo e, logo após, a jornada teve início com uma apresentação cultural: o espetáculo “O Romanceiro”, baseado nos romances cantados pela potiguar Dona Militana, que é considerada a principal guardiã do romanceiro medieval nordestino, tendo sido, inclusive, condecorada pelo ex-presidente Lula. A cena coube a um grupo de jovens da própria comunidade.

As participantes também vibraram com a oficina de customização das camisas e bolsas do evento onde cada uma pode dar um toque especial nos artefatos com lacinhos, fitas, botões, apliques e tintas coloridas.

Em seguida, foi realizado o ato político de abertura. Além das representações sindicais presentes, formaram a mesa o coordenador geral do SINDIPETRO-RN, José Araújo; a diretora de Cultura e Expressões Artísticas, Claudete Roseno; e a diretora de Imprensa, Fátima Viana. Em sua fala, Claudete ressaltou o cuidado que a organização do evento teve para garantir a participação das mulheres, buscando identificar, caso a caso, as dificuldades existentes, e oferecendo a possibilidade delas levarem os filhos e acompanhantes para cuidar deles. “As instituições precisam reconhecer as necessidades e dificuldades que as mulheres enfrentam para poder participar dos movimentos sociais devido às suas múltiplas atribuições. É injusto dizer que as mulheres não gostam de participar se suas dificuldades para tal não forem pelo menos minimizadas”, justificou a diretora.

Palestras e homenagem – As atividades de formação começaram ainda no período da manhã com uma palestra sobre “A importância do Sindicato e da participação das mulheres nos movimentos sociais”. O tema foi abordado pelo coordenador geral do SINDIPETRO-RN, José Araújo, que, logo em seguida, também foi responsável por conduzir uma homenagem à petroleira Miriam Cunha do Nascimento.

Profissional destacada, mulher, mãe, militante e desbravadora no enfrentamento das dificuldades do trabalho das mulheres em áreas de campo, Miriam foi reverenciada pelas participantes do III Encontro que decidiram fazer-lhe um reconhecimento público. Na ocasião, representando a homenageada, coube à Técnica de Geologia, Daniele Melo, receber o Certificado.

Tarde com informação e deliberação

Após o almoço, as atividades de formação tiveram prosseguimento com a realização de três palestras. A primeira, sobre o uso do preservativo feminino. A explanação ficou a cargo da representante do SINDIPETRO-NF, Ilma de Souza. Muito elucidativa, a petroleira cativou os presentes também pela facilidade de comunicação.

Em seguida, as trabalhadoras tiveram oportunidade de conhecer um pouco mais da história do movimento sindical petroleiro no Brasil e no RN. Foi a vez do Secretário Geral do SINDIPETRO-RN, Márcio Dias, discorrer sobre “A história do sindicalismo petroleiro”, resgatando o esforço de organização e as principais lutas travadas pela categoria petroleira.

Por último, com palestra sobre “A plataforma feminina no contexto das políticas públicas”, proferida pela diretora de Imprensa do SINDIPETRO-RN, Fátima Viana, a temática de gênero foi introduzida no Encontro, seguindo-se o debate que deu origem a aprovação da Plataforma das Mulheres Petroleiras do RN.

Noite com gincana cultural, jogos, brincadeiras e dança

Já, no período noturno, após um lanche, foi realizada uma gincana que contou com a participação de quatro equipes, incrivelmente competitivas e dispostas. Após superar as concorrentes na maioria das disputas, a equipe verde, que criou o grito de paz: “Eu sou mulher! Eu sou Guerreira! Eu sou o verde da natureza!” foi declarada vencedora, arrematando vários brindes para as componentes.

O ponto alto da gincana cultural foi a dança do maculelê com as participantes vestidas de saias de palha e “armadas” com bastões, sob a regência do contramestre de capoeira Café. De tradição afro-brasileira e indígena, o maculelê, em sua origem, era uma arte marcial, mas hoje é uma dança que simula uma luta tribal, usando os bastões como armas. Os participantes desferem e aparam golpes no ritmo da música.

Tanto a gincana quanto o maculelê tiveram a condução da equipe integrante do Centro Cultural Gingáfrica, idealizado e dirigido pelo contramestre Café e sua esposa, Kelly Lima. A entidade é um esforço continuado de ação social que oferece atividades de dança, capoeira, arte circense, entre outras, trabalhando com crianças, adolescentes, jovens e adultos, em parceria com profissionais de arte educação. Toda ação oferecida no Gingáfrica tem como foco maior a conscientização sobre as garantias dos direitos sociais e assistenciais, e o enriquecimento cultural da comunidade África/Redinha.

Manhã com passeio de barco

Na manhã do domingo, 23, um belo presente: um passeio de barco, percorrendo o estuário do rio Tubarão até a faixa de restinga. A atividade, guiada por trilheiros da comunidade, foi uma verdadeira aula de campo. Distribuídas em quatro embarcações por cerca de duas horas e meia, as participantes desfrutaram da exuberância das belezas naturais e puderam conhecer a bonita história de resistência e de luta das populações locais, visando proteger aquele ecossistema. Os relatos, inclusive, levaram a que as participantes decidissem aprovar uma moção de apoio às comunidades. Afinal, do equilíbrio ambiental da área, depende a manutenção das atividades de pesca artesanal, principal fonte de renda da população tradicional. De volta a terra, após o almoço, as delegações retornaram às bases de Natal e Mossoró.