Sindicato realiza seminário sobre a importância Segurança Patrimonial da Petrobrás

Sindipetro BA

“Calças vermelhas” merecem respeito

Apesar do esforço de uns poucos em reduzir a importância do debate sobre a ameaça na redução do efetivo da segurança patrimonial, a iniciativa do Sindipetro Bahia teve excelente resultado e expressiva participação dos inspetores, na sexta (3) e sábado (4\5). Ao final do encontro, foi divulgada uma Moção de repúdio às recentes decisões da Petrobrás em querer realocar os trabalhadores em setores administrativos, com consequente mudança de função no quadro de carreira, desrespeitando as garantias previstas na Cláusula 82 do Acordo Coletivo de Trabalho.

Os inspetores de segurança repudiam também a decisão da empresa em mudar a cor do fardamento, pois o que está em jogo não é uma simples mudança de cor, mas toda uma história cultual na Petrobrás e o respeito aos trabalhadores chamados carinhosamente de “calças vermelhas”.

Caso esta mudança se concretize, a Petrobrás mexerá em um símbolo com o intuito de enfraquecer a organização dos trabalhadores, cuja identidade está caracterizada pelo uso histórico da calça vermelha.

A decisão unilateral da Petrobrás de redução de custos pode desencadear consequências gravíssimas:  aumento da insegurança nas unidades do Sistema Petrobrás, terceirização e precarização do trabalho, prejuízo financeiro aos trabalhadores, que perderão os adicionais de regime de turno, além do risco da completa extinção deste segmento profissional nos quadros da empresa.

Este seminário constitui o primeiro passo para a organização dos trabalhadores com o objetivo de enfrentar as ameaças, defender e valorizar a carreira desses profissionais e impedir a terceirização e precarização dessa atividade.

É um “sopão” disfarçado

No país, são 1.116 inspetores de segurança e na Regional Norte/Nordeste estão 418 deles, sendo cerca de 250 na Bahia; a RLAM abriga 49 e a prevalecer a “novidade” da Petrobrás esse número será reduzido para 29.

 

Segundo o diretor do Sindipetro Bahia, André Araújo, a política de redução de custos “a qualquer custo” será um tiro no pé, pois numa equação simples pode-se observar que a redução do efetivo, que hoje já mínimo para as demandas, não só na RLAM, mas em todas Unidades, associado à demissão de 200 vigilantes terceirizados na UO-Ba, revela o tamanho da vulnerabilidade do patrimônio da estatal, físico e humano, à bandidagem.

Isso é um barril de pólvora, diz o diretor, que recomenda aos burocratas encastelados nos prédios refrigerados e alheios à rotina do que ocorre nas unidades do Sistema Petrobrás olharem as estatísticas da criminalidade e do seu avanço em todas as regiões.

Essa, no entanto, é somente uma ponta do iceberg que querem instalar na Petrobrás, sob o argumento já gasto de “melhores oportunidades” para o quadro do pessoal qualificado que é o de inspetores de Segurança Interna. O RH bate na tecla de que a empresa reconhece a expertise do profissional, maioria com formação superior – tem médico, advogado, jornalista – mas que a política de redução de custos e de efetivo veio para ficar, é irremovível.

 A informação do RH\Compartilhado é a de que tudo isso foi e está sendo negociado e avaliado no comando da Petrobrás no Rio de Janeiro. E cumpra-se.

Para os inspetores presentes ao seminário, tudo não passa de um processo de redução do efetivo próprio da Segurança Patrimonial, que pode culminar futuramente na completa extinção deste segmento profissional.

Esta imposição de mudança do regime de trabalho dos Inspetores pode ser uma forma de obrigar a saída dos trabalhadores aposentados sem ter que pagar o “sopão”,  já que a empresa apenas indenizará o turno e os enviará para o administrativo.

 
Detalhe revelado no encontro: um terço do pessoal sob alcance da “proposta” de realocação compulsória – a mudança do regime de turno para o administrativo, com perda financeira  –  é trabalhador já aposentado e que continuou no trabalho, são esses os que mais resistem porque ocupam geralmente cargos de coordenação e supervisão e não aparecem. Com essa postura, sobra para os mais novos, obrigados a entrar na roda da “realocação” e da perda financeira.

 

Moção de repúdio 

Os inspetores de segurança interna da Petrobrás, reunidos no I Seminário de Segurança Patrimonial,  que aconteceu em Salvador, nos dias 3 e 4 de maio, no Hotel Vilamar, demonstram a sua indignação com as recentes decisões da empresa em relação a este grupo de trabalhadores.

Assim, repudiamos a redução do efetivo próprio da segurança patrimonial, que está sendo realocado pela empresa nos setores administrativos, com consequente mudança de função no quadro de carreira, desrespeitando as garantias previstas na Cláusula 82 do vigente Acordo Coletivo de Trabalho.

Repudiamos também a decisão da empresa de mudar a cor do fardamento dos inspetores, pois o que está em jogo não é uma simples mudança de cor. Ao longo da história da Petrobrás foi criada uma cultura e o respeito aos trabalhadores chamados carinhosamente de “calças vermelhas”.

Caso esta mudança se concretize, a Petrobrás mexerá em um símbolo com o intuito de enfraquecer a organização dos trabalhadores, cuja identidade está caracterizada pelo uso histórico da calça vermelha.

A decisão unilateral da Petrobrás de redução de custos pode desencadear consequências gravíssimas:  aumento da insegurança nas unidades do Sistema Petrobrás, terceirização e precarização do trabalho, prejuízo financeiro aos trabalhadores, que perderão os adicionais de regime de turno, além do risco da completa extinção deste segmento profissional nos quadros da empresa.

Sob a falsa argumentação de valorização da força de trabalho e melhor aproveitamento da capacidade intelectual dos inspetores, a Petrobrás está reduzindo este grupo de trabalhadores no momento em que a criminalidade avança em todas as áreas da estatal. E o pior: a redução também ocorre no efetivo da vigilância terceirizada.

Esta política de (in) segurança e (des) investimento da Petrobrás vai, infelizmente, levar a  mais assaltos, furtos, roubos e mortes de dezenas de pais de família.

Os inspetores de segurança, responsáveis pelo patrimônio tangível e intangível da Petrobrás, que no dia a dia arriscam suas vidas para proteger a vida dos trabalhadores e os bens da empresa, merecem respeito.

A residente Graça Foster fala em “otimização de custos” e afirma que “a estatal vai dobrar de tamanho até 2020”. Como petroleiros,  estamos dispostos a contribuir para o crescimento da nossa Petrobrás, como sempre fizemos, mas este crescimento não pode ser feito às custas da degradação no trabalho e eliminação de direitos.

Em seu estatuto, a Petrobrás ressalta que é uma empresa com responsabilidade social. Chegou a hora de provar isso. O exemplo deve começar em casa.

Salvador, 4 de maio de 2013