Tolerência zero ao benzeno! Curso promovido pelo sindicato potencializa luta contra a exposição dos trabalhadores

 

Sindipetro-BA

Nesta quarta-feira, 07, terceiro e último dia do curso sobre o benzeno e outros agentes tóxicos, que contaminam e matam trabalhadores, o médico do Ministério do Trabalho, Danilo Costa, faz palestra e relata um pouco do trabalho que desenvolveu na tese de Doutorado sobre o benzeno. Na segunda e terça (5 e 6) as palestrantes foram as pesquisadoras da Fundacentro, Arline Arcuri e Luiza Cardoso.

Em entrevista à TV Sindipetro, Danilo diz que o movimento sindical conquistou avanços e a Petrobrás melhorou, porque até a década de 90 ela não tomava conhecimento desse assunto. No entanto, diz ele, “existe por parte dos executivos da empresa uma recusa sistemática em reconhecer os danos causados pelo benzeno à saúde, praticando a política de ocultar o que acontece, particularmente nas refinarias”.

Ele aponta uma gravidade: o risco de contrair um câncer é enorme, mas quem tem mais idade e leva mais tempo para se aposentar aumenta esse risco. Antigamente, por volta dos anos 90, o trabalhador se aposentava mais cedo, na faixa dos 45\47 anos, de lá para cá se perdeu muitos direitos e aposentadoria acontece cada vez mais tarde, aos 60\65 anos, isso é um fator que eleva os riscos tanto da contaminação como do câncer.

Segundo o médico Danilo Costa, como não há estatísticas confiáveis e a Petrobras se vale disso para ocultar fatos gravíssimos, o movimento sindical e as centrais devem pressionar governo e a estatal para investirem em estudos que tragam a verdade não somente para os trabalhadores, mas também para a sociedade. Sobre as comissões existentes, como a CNBPz, Danilo acredita que há um esvaziamento proposital, com boicote da bancada patronal a todas as iniciativas.
No encerramento do curso serão entregues certificados aos participantes.

Caça ao Benzeno

No segundo dia do curso sobre benzeno, terça-feira, 06,  as pesquisadoras Arline Arcuri e Luiza Nunes Cardoso, da Fundacentro, destacaram o papel do movimento sindical na luta contra a exposição dos trabalhadores ao benzeno. Elas lembraram que o marco legal para a redução do benzeno no Brasil teve inicio na década de 80, mesma época em que aconteceu uma epidemia de leucopenia na Companhia Siderúrgica Paulista, em 1983, quando mais de dois mil trabalhadores da empresa foram afastados. Outro caso relatado foi o da fábrica de BHC, também localizada em São Paulo, com metade dos trabalhadores com leucopenia. A concentração de benzeno nesta empresa chegava a 1.000 ppm.

As citações foram feitas mostrando os avanços conquistados nesta área pelo movimento sindical, a exemplo da campanha “Caça ao Benzeno”, que ajudou na construção do Acordo nacional do Benzeno e também da legislação brasileira em relação a este agente químico.

Outro ponto abordado foi a intransigência patronal que tem travado as discussões na Comissão Nacional Permanente de Benzeno (CNPBz). Os Trabalhadores reclamaram das dificuldades impostas pelas empresas para a realização de encontros dos GTBs.

A Petrobrás foi apontada pelos participantes como a grande responsável pela movimentação da bancada patronal na CNPBz no sentido de implementar retrocessos na questão  do benzeno, principalmente em relação ao limite de tolerãncia deste agente cancerígeno.

Para o diretor do Sindiquímica-Ba e trabalhador da empresa Deten, Newton Siqueira, “os sindicatos precisam fazer o contraponto no discurso patronal e não se pode permitir discussão relacionada a aumento de tolerância a esta substência, pois a TOLERÃNCIA É ZERO”.

O evento prossegue à tarde com a palestra do médico do trabalho e auditor fiscal do Ministério do Trabalho, Danilo Fernandes. O médico dfendeu tese de doutorado sobre o benzeno como agente cancerígeno.

Acompanhe pela Web TV do Sindipetro-BA os principais destaques do curso: http://www.sindipetroba.org.br/2012/galerias/webtv