Parasitas só atrapalham o trabalho e comprometem a segurança

Sindipetro SP

Toda a burocracia precisa ser alterada, o número mínimo de operadores e trabalhadores precisa ser revisto nas mais diversas unidades, terminais e escritórios. São necessárias mudanças urgentes no sistema de treinamento. Não é à toa que a Petrobrás se transformou na FANTÁSTICA FÁBRICA DE ACIDENTES.

TREINAMENTO
O trabalho realizado pela operação nos dias de hoje é totalmente diferente daquele de anos atrás. As rotinas eram baseadas no conhecimento prático dos operadores em que ele priorizava o direcionamento de sua atenção, preparando-se tecnicamente e conhecendo – de verdade – a unidade que estava operando. Os treinamentos tinham como escopo a formação do operador para que ele estivesse preparado para enfrentar todo tipo de adversidade. Os monitores eram preparados, seguia-se um cronograma de treinamento, e os operadores assumiam determinada área somente após estarem devidamente treinados. Essa lógica foi se esvaindo ao longo do tempo, cortou-se mão de obra, acabou-se com o monitoramento planejado, o número mínimo está aquém do limite, não temos pessoas nem para suprir férias, quiçá liberar alguém para treinamento.

Os treinamentos priorizados pelas gerências são as leituras dos SINPEPs que chegam de baciada, com prazo curto de treinamento, mal escritos (aliás, é tanta baboseira escrita num procedimento que é difícil de encontrar a parte importante) e por vezes inúteis. Essas coisas não treinam nada, apenas tomam tempo. Simulador que não simula direito, mesas-redondas, avisos operacionais, VCPs, ASTs, HAZOPs, DDSMS e TLTs, sem nenhum planejamento eficaz e que nunca atingem seu objetivo principal, que é treinar o operador.
Os supervisores fingem que cumprem suas metas, tudo é lançado numa planilha e se conclui que todos estão treinados, pura enganação.

MANUTENCÃO
Na manutenção, então, o que não falta é burocracia. A começar pelo sistema de solicitação, que já mudou diversas vezes, e a cada mudança consegue ficar mais complicado, menos efetivo, desperdiçando tempo. Os operadores passam horas batendo fotos, redigindo e imprimindo matrizes de isolamento, liberando equipamentos, instalando LIBRAs, preenchendo etiquetas amarelas, fazendo a dupla checagem (RI), preenchendo e assinando campos de matrizes e cartões de isolamento, guardando chaves no claviculário e preenchendo a lousa da sala do LIBRA.
Depois de tudo isso tem a PT eletrônica com OM, AR, AR2, RAS, matriz de isolamento, CASEIS, LV de escavação, ata de trepanação, CCERI, PE, LV da PT preenchida na área. Concluído o serviço tem a baixa da PT na área (dizem que ainda está para vir uma LV de baixa em PT), pegar a chave no claviculário, remover a LIBRA, estourar alguns lacres, guardar caixa, chaves, cadeados e dispositivos, jogar fora etiquetas, lacres e barbantes, condicionar o equipamento, apagar o equipamento da lousa da sala do LIBRA, arquivar a matriz em uma pasta e remover de outra, sem contar as diversas siglas criadas, como: GPO, GNM, APP da PST, PTT, SAP, ADTCP.

“BURROCRACIA”
Se não bastassem essas questões, foram criados, ao longo do tempo, diversos procedimentos que os trabalhadores chamam de parasitas, ou burocracias inúteis, que tomam mais ainda o escasso tempo dos operadores e operadoras. São intermináveis os procedimentos implementados pelos “gestores”, que na maioria das vezes não se sabe nem para que serve, se será usado, ou avaliado por alguém. Tem check-lists para serem preenchidos (lembrando que o check-list deve ser preenchido item a item: cada item que for conferido na área deve ser ticado imediatamente, ou seja: põe a luva, drena um vaso, tira a luva e marca um “xisinho” no papel, põe a luva, abre um vapor de sangria, tira a luva e marca um “xisinho” no papel, põe a luva…), lista de verificação de bombas (puro resserviço, afinal já se faz uma verificação criteriosa na rotina e o pessoal da preditiva também faz medições de tempos e tempos e com equipamentos bem melhores), auditoria e baixas em PTs no sistema (auditorias inócuas pois nunca se toma alguma ação para diminuir a quantidade de PTs não conformes e as baixas sempre como não concluídas para não “matar” a OM, ou seja um by pass do próprio sistema), tarefas de fim de semana: verificação de DCBI – Dispositivo Contra Bloqueio Inadvertido (se bloqueou é porque precisou, então não precisaria da plaqueta do DCBI, e se não bloqueou, o lacre tá lá, logo, mais um papel sem função); check-list de caps (além dos isométricos errados, muitos pontos em que se constata a falta de cap fica por isso mesmo, para ser relatado novamente na próxima vez que for feito o check-list, também é um tipo de resserviço); planilha de monitoração de permutadores de AR (acho que assumiram que os TIs que indicam nos painéis não funcionam); auditoria em LIBRAS, que por si só era para garantir a segurança, se tem que auditar alguma coisa está errada, a LIBRA não esta funcionando.

Em muitas unidades, tem-se o check-list do check-list, mais um absurdo. E, assim, caminha a maior empresa do país, atolada em papéis que mais atrapalham do que ajudam e, no final, pioram as condições de segurança.