Ato no aeroporto de Macaé marca passagem dos 14 anos do acidente com a P-36

Uma manhã de muita emoção e dor para os familiares, diretores do Sindipetro-NF e categoria petroleira que participaram do ato realizado neste domingo, 15 de março, no aeroporto de Macaé para lembrar a passagem dos 14 anos acidente com a P-36. O acidente vitimou 11 trabalhadores e deixou suas famílias orfãs.

A atividade começou por volta das 7 horas. Segurando faixas e vestidos com camisetas com os dizeres “P-36: você esqueceu, nós não!” e “Basta de acidentes”, os diretores do Sindipetro-NF fizeram discursos pesados contra a gestão falida de segurança da Petrobrás e contratadas, que tem vitimado trabalhadores ao longo dos últimos anos.

O primeiro a falar foi o Coordenador do Sindipetro-NF, Marcos Breda, que resgatou a história do acidente, lembrando que a Petrobras estava mais preocupada na época com os equipamentos do que com as vítimas. “Nós não vamos deixar a empresa e a categoria esquecer. O Sindipetro-NF está preocupado com os trabalhadores que se foram e deixaram suas famílias” – disse.

Em seguida, todos os diretores presentes falaram – Norton Almeida, Sergio Borges, Wilson Reis, Valdick Souza – e o diretor da CUT, Vitor Carvalho. Ressaltaram a importância da categoria denunciar as ocorrências a bordo, inclusive relacionadas ao atendimento médico. Lembraram da conquista do anexo 2 da NR-30, que garante aos trabalhadores o Direito de Recusa, da necessidade de união entre trabalhadores próprios da Petrobrás e das contratadas em busca de melhorias na área de segurança.

Segundo o coordenador da FUP, José Maria Rangel, ao longo dos últimos 20 anos aconteceram mais de 350 mortes com petroleiros diretos e contratados. “Se fizermos uma média, a cada mês morrem duas pessoas na indústria do petróleo no Brasil. Só esse ano tivemos 14 pessoas, incluindo nove no grave acidente do FPSO São Matheus” – afirmou Rangel.

Para o coordenador da FUP as pessoas pouco se interessam em discutir as questões de saúde e segurança, por isso têm um caminho longo a percorrer. “Essa tem que ser prioridade zero para o movimento sindical. Quem chora e quem sente as perdas somos nós, por isso não vamos sossegar enquanto continuar essa situação. Somos um calo no sapato da Petrobras e de todas as operadoras, porque queremos que vocês entrem pelo portão de embarque e voltem pelo desembarque” – disse Zé Maria muito emocionado.

Esse ano, aconteceu um fato diferente em relação aos anos anteriores, a maior presença no ato foi dos filhos de alguns dos trabalhadores de P-36: Joana Alice de Josevaldo Dias de Souza; Wenia e Wallissom de Laersson Antônio dos Santos; Sergio de Sergio dos Santos Souza e Emanuele de Emanuel Portela. Todos muito emocionados, foram representados por Wenia que fez questão de falar com as lágrimas rolando aos petroleiros que estavam prestes a embarcar. “É preciso que vocês tomem cuidado com suas vidas porque não tem dinheiro que pague a vida de um pai. Como não tive o corpo do meu pai para enterrar, até hoje sonho que ele está voltando” – comentou.

O Coordenador do Sindipetro-NF, Marcos Breda, ressaltou que tem certeza que os casos de corrupção na Petrobrás estão intimamente ligados ao sucateamento da empresa e aos problemas de segurança que acontecem.”Seremos incansáveis na defesa da segurança dos trabalhadores” – reafirmou Breda.

O ato terminou com todos falando em alto som a palavra “Presente!” aos trabalhadores mortos em Enchova, no FPSO São Matheus e da P-36.

Fonte: Sindipetro NF