Segurança de voos: em assembléias, trabalhdores se posicionam sobre AW 139

 

Sindipetro-NF

O Sindipetro-NF realizou assembleias no sábado, 1 e domingo, 2, para promover o debate entre os trabalhadores embarcados, a respeito da intenção da Petrobrás retornar com as aeronaves AW-139, após a troca das pás do rotor de cauda que foram reprojetadas. As atas com os resultados das assembleias serão repassadas ao sindicato até às 12 horas dessa segunda, 3. Essas assembleias foram também a oportunidade para os cipistas divulgarem  para os trabalhadores o que viram e ouviram na videoconferência convocada pela empresa na tarde de sexta-feira,31.

Durante a videoconferência, a Petrobrás apresentou seus motivos para retornar as operações do AW-139, para cipistas, supervisores, coor-denadores e gerentes.  A empresa já havia apresentado a um grupo de diretores do sindicato sua decisão e justificativas para o retorno da aeronave, entretanto o sindicato não se posicionou a respeito.

A diretoria do NF esclarece que não há nenhuma participação do sindicato em relação a essa decisão da Petrobras, que está baseada em certificações obtidas e testes feitos pelo fabricante da aeronave e pela EASA a autoridade européia de aviação, a mesma que emitiu as AD´s (diretrizes de aeronavegabilidade) que manteve voando as aeronaves AW-139 no mundo todo antes e logo depois do acidente na Bacia de Campos.

Antes de qualquer decisão, o sindicato quer ouvir os trabalhadores e lembrar que foi pela queda dessa aeronave e morte de quatro trabalhadores que fizemos a greve pela vida em 22 de agosto de 2012. Por conta dessa greve, oito trabalhadores da Petrobrás foram punidos, três trabalhadores da Elfe foram demitidos por participarem do movimento.
Diante da posição da empresa e do histórico que essa aeronave possui, o sindicato acredita que os trabalhadores devem se manifestar. Após conhecer o que a categoria petroleira pensa a esse respeito, o NF vai discutir novamente o assunto.

Histórico com AW 139

Ocorreram quatro acidentes em 2011 com aeronaves AW 139, em Pequim, na Coréia do Norte , em Kuala Lumpur  e no Qatar que vitimaram cinco pessoas e sempre envolvendo problemas com as pás do rotor de cauda da aeronave.

A partir do acidente no Qatar, a EASA (Agência Européia para Segurança da Aviação) emitiu uma diretriz de aeronavegabilidade AD 2011-0081 de 9 de maio de 2011, que determinava inspeções periódicas a cada 25 horas e a troca a a cada 600 horas das pás do rotor de cauda desse tipo de aeronave.

No dia 19 de agosto de 2011, um  grave acidente ocorrido próximo à P-65, com a mesma aeronave, vitimou quatro trabalhadores, sendo dois petroleiros e dois tripulantes. A partir dessa data, todas as aeronaves AW 139 no mundo pararam de voar até o dia 25 de agosto de 2011, quando a EASA emitiu uma nova diretriz de aeronavegabilidade AD 2011-0156E, criando maiores restrições para inspeção e substituição das pás do rotor de cauda. Estabelecendo um limite entre 600 horas e 1500 ciclos o que ocorrer primeiro.
Influenciada pelo uso do Direito de Recusa por parte dos trabalhadores, desde o acidente ocorrido com o Super Puma L2 em fevereiro de 2008, a Petrobrás decidiu manter as 10 aeronaves AW 139  em solo, apesar de não haver recomendação da parada de operação.

Por conta desses acidentes e Diretrizes, a fábrica Augusta resolveu reprojetar as pás do rotor de cauda. Foram emitidas outras diretrizes de aeronavegabilidade, a  AD 2012-0030 de  17 de fevereiro de 2012, que foi substituída depois pela AD 2012-0076R1 de 13 de julho de 2012, que estabelecem a necessidade de substituição de todas as pás pela  nova que foi reprojetada. A partir dessas diretrizes a Petrobrás decidiu substituir as pás das dez aeronaves e recolocá-las em uso na Bacia de Campos.