No Ceará

Seminário de Planejamento da FUP começa com análise de conjuntura nacional e internacional

Seminário tem objetivo de alinhar as pautas e prioridades da Federação. Foto: Paulo Neves/FUP.

Primeiro dia de Encontro da direção tem debate sobre conjuntura política do Brasil e do mundo e da Petrobrás, com presença de especialistas convidados

[Da Comunicação da FUP]

Começou nesta segunda-feira (18) o Seminário de Planejamento da Federação Única dos Petroleiros (FUP) para os anos de 2024 a 2026. O Encontro conta com a participação dos integrantes da Direção Nacional da Federação, coordenadores e presidentes dos sindicatos filiados e aliados convidados e tem o objetivo de alinhar as pautas e prioridades da luta no próximo período.

A primeira jornada do Seminário, que ocorre em Fortaleza, no Ceará, começou com uma ampla análise da conjuntura política e econômica nacional e internacional. A mesa contou com a presença do professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e ex-presidente da Petrobrás, José Sergio Gabrielli e de Stephanie Brito, Secretária Internacional da Assembleia Internacional dos Povos.

Gabrielli, que foi presidente da Petrobrás entre 2005 e 2012, se mostrou confiante no futuro da Petrobrás, mas acredita que ela vive um momento difícil e por tanto sua reconstrução será mais demorada: “As mudanças que levaram três anos naquela época, provavelmente vão levar agora muito mais tempo, pois o quadro é muito adverso. Em 2003 víamos um governo forte, com movimentação nas ruas e com apoio parlamentar. Hoje a situação é outra, e a Petrobrás vai demorar em fazer sua reconstrução”.

Gabrielli se refere aos primeiros momentos do primeiro governo Lula: “Durante os três primeiros anos foram anos de redefinição da Petrobrás, redefinir missão, valor, estratégia, prioridades, definir o que fazer, definir nossas capacidades internas, treinamos 700 mil pessoas via Prominp. Quando estávamos nesse processo, demos de cara com o pré-sal e aí veio uma mudança profunda, uma perspectiva de crescimento e investimentos gigantescos”. Para o professor, essa situação é completamente diferente em 2023, quando começou o terceiro governo Lula.

O ex presidente da Petrobrás, José Sergio Gabrielli, analisou a conjuntura junto à direção da FUP. Foto: Paulo Neves.

O ex-presidente da empresa afirma: “Chegamos ao governo e a Petrobrás estava absolutamente fatiada e esquartejada, e ainda com uma crise de reputação provocada pela Lava-Jato. Chegamos a 2023 com a Petrobrás fora da distribuição e comercialização de gás natural e demais combustíveis, fora das termelétricas, fora dos fertilizantes, quase fora da produção de petróleo onshore, unicamente focada no petróleo do sudeste, com a força de trabalho reduzida e apavorada”.

Luta pela soberania

Stephanie Brito, militante da Assembleia Internacional dos Povos, focou seu discurso na importância da luta anti imperialista. Para ela essa luta é permanente, e todas as outras lutas estão atravessadas por essa luta. É que para Brito, o imperialismo tem como principal objetivo limitar a soberania nacional dos países.

Stephanie Brito junto com as diretoras da FUP, Patrícia Jesus e Bárbara Bezerra. Foto: Maria João Palma/ FUP.

Para Brito é fundamental a disputa das emoções “O que o fascismo consegue fazer muito bem é canalizar a raiva e a tristeza do povo com as condições impostas pelo capitalismo, e com isso ele consegue desenhar um horizonte, uma utopia do que o povo gostaria de ter. A utopia que ele desenha é o reforço das condições do capitalismo, com sucesso pessoal, com adquirir bens de consumo, com essa eterna fantasia”. Essa disputa é fundamental para a esquerda e coloca diversos desafios para a construção política.

Para a militante, o sindicalismo tem um papel fundamental na luta por um projeto popular: “O sindicalismo deve se assumir como um ator fundamental na construção de um novo projeto político, porque hoje em dia os sindicatos são as organizações da classe trabalhadora com maior capilaridade, muito mais do que partido, muito mais do que o movimento social. Então, esse instrumento que tem uma relação muito mais direta com a sua base, se converte numa ferramenta fundamental para essa reorganização da classe trabalhadora”.

Brito afirma que o desafio é dos trabalhadores e trabalhadoras: “A vida do imperialismo, quanto tempo ele vai demorar para cair ou não, depende de nós, é uma luta que a gente tem que comprar sim ou sim. Se ele conseguir continuar avançando, ele vai destruir o mundo.

As atividades continuam até quarta-feira (20) na capital cearense.