EM DEFESA DOS CAMPOS TERRESTRES: Carta de Caruaru é aprovada por unanimidade

 

Com informações do Sindipetro-RN

Com objetivo de despertar a atenção do movimento e da sociedade civil para a defesa dos campos maduros, da Petrobrás e do petróleo brasileiro, os SINDIPETROS do Nordeste e Espírito Santo desenvolveram uma carta manifesto, a qual foi aprovada por unanimidade durante a realização da plenária final, da IV PLENAFUP.

Intitulado “Carta de Caruaru”, o documento retrata a preocupação dessas entidades com os empregos dos trabalhadores afetados pela concentração de investimentos no pré-sal e com as economias das cidades que dependem da exploração de campos maduros. A ideia é chamar a atenção da atual gestão da petrobrás para as consequências para o Brasil desse modelo tecnicista de gerir e destacar a importância da Empresa resgatar seu papel social inciado na Era Lula.

No entendimento dos Sindicatos protagonistas desse movimento, a unidade da categoria petroleira neste momento é algo crucial, que pode determinar os caminhos políticos adotados pela nossa Nação. É portanto, uma luta de todos, e não somente dos diretamente prejudicados. 

Qualquer petroleiro ou petroleira, membro da sociedade civil ou gestor público pode assinar a carta manifesto. Mais que uma narrativa da indignação da categoria, a carta é uma reivindicação pela retomada de investimentos nas áreas de campos terrestres.

Veja abaixo a íntegra do documento:

CARTA DE CARUARU –  Assentamento Normandia

Os delegados e delegadas da IV PLENAFUP, reunidos de 6 de 9 de junho, do ano corrente, no assentamento Normandia, em Caruaru-PE, aprovaram esta Carta Manifesto em defesa do retorno dos investimentos nos campos maduros, do petróleo brasileiro e da Petrobrás. O objetivo é que a sociedade se sinta individualmente intimada a participar desta causa, atribuindo-lhe as proporções políticas devidas.

É sabido que o advento do pré-sallevou a Petrobrás a promover relativa concentração de investimentos, em detrimento das atividades de exploração e produção em campos terrestres.

A lógica puramente econômica – escala da empresa, volumes de produção envolvidos – pautou prioritariamente essas decisões e, nesse momento, a Companhia se abstém de investir nos campos petrolíferos terrestres. Tomam seu lugar empresas privadas de exploração de pequeno e médio porte.  

Porém, no atual estágio de desenvolvimento da indústria petrolífera no mundo e em nosso país, a possibilidade de pequenos e médios novos agentes se consolidarem como operadores do ramo do petróleo é questionável, ainda que a tendência prevalecente numa economia de mercado seja a busca permanentemente por maior rentabilidade. Na verdade, temos uma opinião contrária aos caminhos ora propostos.

Imaginar que, pela aparente menor escala em torno das atividades nesses campos, seja necessário um baixo valor nos investimentos, é um equívoco. Na verdade, aspectos de atendimento de proteção ambiental, da logística, da modalidade de contratação de pessoal, de serviços e de equipamentos, indicam aportes em cifras não tão pequenas.

Uma empresa de grande escala – desde que ciente de seu papel econômico e social – reúne melhores condições para superar esses gargalos. E, se computarmos a totalidade dos dispêndios já executados e os investimentos previstos para esses campos, comprovaremos a exigência de uma grande escala para conduzir adequadamente esses empreendimentos industriais, mesmo que marginais.

Contrariando esse entendimento, as últimas medidas adotadas pela Petrobrás vêm desmobilizando e fragilizando os níveis de investimento em parte desses setores, localizados em regiões com menor nível de desenvolvimento. O crescimento das homologações das rescisões contratuais do trabalho no segmento da prestação de serviço é um importante indicador.

No Nordeste e Norte do Espírito Santo, essas diretrizes estão trazendo sérias repercussões não só econômicas, mas, sobretudo, sociais. Seja sobre os trabalhadores e trabalhadoras envolvidos na cadeia produtiva do petróleo, seja sobre as economias locais.

Sofrem os governos com menor repasse de impostos relativos à produção nos municípios, sofrem os prestadores de serviços, como os hotéis, sofre a sociedade sem a rotação da economia. É o lado da sociedade que não é levado em consideração pela Companhia da qual também é dona.

Com isso, a Empresa despreza todo o modo de vida daqueles municípios que cresceram em função da exploração de petróleo e todo o aparato construído de maneira independente para receber a Empresa e os trabalhadores nestes 60 anos de contribuição dos trabalhadores petroleiros para o desenvolvimento econômico e social da Petrobrás e do Brasil.

Por isso, petroleiros e petroleiras presentes a esta Plenária, sociedade civil e Gestores públicos possuem o dever moral de cobrar o retorno dos investimentos da Petrobrás enquanto Estatal com relevante papel social.

Neste manifesto, evidenciamos nossa vontade de mudar os rumos da Empresa, conduzindo-a de volta ao seu papel social inserido no projeto político iniciado na Era Lula com a construção de refinarias e estimulo à indústria Naval, por exemplo. O dever da Petrobrás não é somente lucrar, é servir de instrumento para diminuir as desigualdades entre as regiões, e não o contrário. Concentrar investimentos é aprofundar um problema que o Governo Federal se empenhou em resolver, ainda em 2003. 

Conclamamos a sociedade civil para apoiar esta causa em nome de um Brasil democrático e justo.

Pelo monopólio de nossas riquezas e utilização dessas em prol do bem-estar social.