Entre as ações práticas sugeridas pela campanha estão a redução do uso de sacolas plásticas, o uso de energias renováveis e mudanças de hábitos de consumo…
Com o tema Fraternidade e a Vida no Planeta, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou nesta quarta-feira (09) a 48ª Campanha da Fraternidade, que pretende alertar os católicos para a gravidade das consequências do aquecimento do planeta. Ao apresentar a campanha deste ano, o secretário-geral da CNBB, dom Dimas Lara Barbosa, fez algumas críticas ao relatório do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) sobre o Código Florestal já rebatidas diversas vezes pelo parlamentar.
No texto-base da campanha, sob o título "Fraternidade e a Vida no Planeta", a CNBB expõe as principais conclusões da ciência sobre as mudanças climáticas e a participação humana no problema, faz críticas ao modelo energético que ainda privilegia fontes fósseis – grandes emissoras de gases de efeito estufa, ao desmatamento e até ao agronegócio.
Segundo o secretário-geral da CNBB, dom Dimas Lara Barbosa, a ideia é aproximar o debate sobre mudanças climáticas das pessoas e estimular mudança de hábitos e políticas públicas que ajudem a preservar a vida e o planeta.
“Pergunta-se o que o cidadão comum pode fazer. As enchentes em São Paulo e em outros capitais, por exemplo, poderiam ser minimizadas se não houvesse uma massa de detritos jogados nos rios”, citou dom Dimas.
Entre as ações práticas sugeridas pela campanha estão a redução do uso de sacolas plásticas, o uso de energias renováveis e mudanças de hábitos de consumo. “As campanhas da Fraternidade são caracterizadas pela capilaridade, chegamos ao ribeirinhos da Amazônia e aos grandes condomínios. Isso contribui para o alcance da reflexão”.
Código Florestal
Durante a apresentação da campanha, o secretário-geral da CNBB criticou a falta de investimentos em fontes alternativas de energia, como a eólica e a solar, o risco de aprovação de mudanças no Código Florestal sem considerar a opinião de movimentos ligados à terra e a construção de grandes projetos de infraestrutura sem garantia de contrapartidas sociais.
Em nota publicada em maio de 2010, o PCdoB, partido de Aldo Rebelo, divulgou nota apresentando a extensão do debate já realizado em torno do código florestal, em que os movimentos sociais tiveram a oportunidade de opinar: "sessenta e quatro audiências públicas foram realizadas em vários estados. Centenas de lideranças e personalidades entre produtores, gestores públicos, pesquisadores, parlamentares, lideranças populares e ambientalistas ofereceram indicações valiosas".
O deputado comunista disse ainda que tem procurado soluções compatíveis. “Ouvimos o Incra, a Embrapa, as ONGs e os pequenos agricultores para tentar um consenso para a nova lei”. Mas defendeu os agricultores: “não podemos virar as costas para nossos ruralistas, eles existem e devem ter o seu pedaço de terra preservado”.
Anistia a desmatadores
Dom Dimas reiterou críticas da CNBB a algumas das propostas de mudanças no Código Florestal previstas no relatório do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), como a possibilidade de anistia para desmatadores e a redução de limites de áreas de preservação. “Nossa preocupação é que o código não seja votado de forma apressada porque as consequências serão duradouras.”
Em reunião realizada com a bancada de deputados federais do PDT em 22 de fevereiro, Rebelo defendeu veementemente seu relatório e negou que, com as mudanças propostas, será dada anistia a desmatadores. Segundo ele, o texto busca conciliar a preservação da natureza com a atividade econômica, privilegiando os interesses da sociedade.
O deputado acompanhou o trabalho de vários agricultores em todo o país e disse que quem legisla (contra a nova lei) não conhece a realidade do campo. “Na seca, ou você planta na várzea ou morre de fome”, afirmou Rebelo. E completou “diversos agricultores perderam suas terras ou estão pagando multas absurdas por tirar da terra o seu sustento”.
Da redação, com Agência Brasil