Ataques aos trabalhadores na Indústria Mundial de Petróleo: Total demite 647 grevistas

Confrontada pela terceira vez, este ano, com uma greve espontânea na refinaria de Lindsey, no Reino Unido…

Jornal Avante (Partido Comunista de Portugal)

Confrontada pela terceira vez, este ano, com uma greve espontânea na refinaria de Lindsey, no Reino Unido, a multinacional francesa, Total, decidiu demitir 647 grevistas que se recusam a retomar o trabalho desde 11 de junho.

O inesperado anúncio, feito oficialmente na sexta-feira, 19, surge na sequência de um longo braço de ferro entre os operários britânicos da construção civil e a multinacional, a propósito da contratação de mão-de-obra estrangeira para as obras de ampliação da refinaria.

A primeira greve ocorreu em finais de janeiro em protesto contra a contratação de operários portugueses e italianos. Sob a palavra de ordem, "operários britânicos para empregos britânicos", os grevistas forçaram na altura a Total a admitir (sempre através de subempreiteiros, entenda-se) 102 trabalhadores do Reino Unido.

Todavia, nos dias 19 e 21 de Maio, voltaram a paralisar, desta vez em solidariedade com trabalhadores do País de Gales que também protestavam contra a "concorrência" que lhes é feita por imigrantes poloneses.

Entretanto, no início deste mês, a Total decidiu demitir 51 operários que tinham participado activamente na organização da greve de janeiro. Todos viram aqui uma clara medida de retaliação, já que, ao mesmo tempo que a multinacional afirmava tratar-se de uma cessação normal de contrato relacionada com a conclusão de uma parte da obra, um outro subempreiteiro começou a recrutar 60 novos trabalhadores.

Mais uma vez, a resposta foi a greve. Desde dia 11, mil e duzentos operários paralisaram para exigir a readmissão dos 51 demitidos, bem como dos outros 647 que receberam cartas de demissão.

A Total alega que se trata de greve "não declarada e ilegal", enquanto os dois maiores sindicatos, Unite e GMB, apesar de não terem apelado à greve, acusam a empresa de não ter tentado resolver o conflito e reclamam o reinício das negociações, alarmados com as demissões em massa.

Esta medida drástica acendeu de imediato um rastilho de indignação que percorreu o país, provocando uma onda de solidariedade. Segundo os sindicatos, registaram-se greves espontâneas em 17 unidades petrolíferas e químicas. Por todo o lado, os operários da construção têm recebido o seguinte apelo escrito: "Precisamos como nunca do vosso apoio. Se apoiarem os nossos irmãos, obrigado. Se não, pensem que da próxima vez poderão ser vocês".

Na segunda-feira, 22, os operários mantinham a refinaria de Lindsey bloqueada e queimavam ostensivamente as cartas de demissão entregues pela administração. Para anteontem, terça-feira, os sindicatos tinham convocado uma concentração de massas junto às instalações.