No 1º de Maio o presidente da CUT-SP fala sobre a importância do reconhecimento das Centrais Sindicais


Com a chegada do 1º de Maio (Dia do Trabalhador), o presidente da CUT/São Paulo, Edílson de Paula, concedeu entrevista ao Jornal Na Base sobre a importância desta data, sobre a atuação da CUT, além da aprovação do reconhecimento das Centrais Sindicais. Leia seguir:

Qual é a importância do 1º de Maio para os trabalhadores e as trabalhadoras?

Edílson de Paula – Acho que neste ano os trabalhadores devem fazer um balanço positivo, tendo em vista algumas conquistas importantes desde o último 1º de Maio, em 2007. Nesta época, tínhamos como meta as Convenções 151 e 158, o reconhecimento da Centrais Sindicais e a questão do salário mínimo em nível nacional. Ou seja, devemos ter em mente estes pontos positivos, porém não podemos deixar de apontar

outras lutas. E a principal luta do 1º de Maio deste ano, e que une todas as Centrais Sindicais, é a redução da jornada de trabalho sem redução de salário. Este é o eixo principal do 1º de Maio deste ano. E para nós da CUT, especialmente, existe também a questão dos 25 anos da Central, que também será tema de referência em todos os eventos de 1º de Maio do Brasil.

Quais são as principais bandeiras de luta da CUT em defesa dos direitos dos trabalhadores?

EP – Além da redução da jornada, existem duas questões que acompanham esta outra que são as Convenções 151 e 158, pois é fundamental que o Congresso reconheça estas Convenções da OIT (Organização Internacional do Trabalho). Por que isso ajudaria tanto a negociação no serviço público, assim como o combate à rotatividade, em que serão evitadas as demissões arbitrárias, haverá dificuldade na questão das demissões.

Ainda mais que temos aqui no Brasil setores empresariais com pensamentos defasados, em que o trabalhador deve ser tratado "com o chicote". Precisamos também avançar em relação à organização no local de trabalho.

O senhor acredita que atualmente o trabalhador está mais consciente sobre sua condição e por isso está mais atuante?

EP – Não tenho dúvida disto. Com a chegada de Lula à Presidência da República, os trabalhadores estão vivendo uma situação gradativa de recuperação do poder de compra; todas as categorias, nos últimos quatro anos, têm buscado fechar acordos de aumento real acima da inflação; tem ocorrido também aumento razoável nas PLR’s. Então, os

trabalhadores voltaram a ter auto-estima no sentido de estar junto aos sindicatos para buscar melhores condições de trabalho. O que aconteceu com a classe trabalhadora na década de 90 até 2002 foi um ataque violento aos nossos direitos e uma precarização das condições de trabalho. E estamos recuperando estas questões agora, durante esta

fase de crescimento do Brasil. Estes fatos mostram uma conscientização, um amadurecimento por parte dos Sindicatos, Centrais e trabalhadores.

Qual é a importância do reconhecimento das centrais sindicais?

EP – Foi um passo muito importante. O Brasil precisava ter um papel mais definido em relação a esta questão. Imaginem que a CUT completa 25 anos neste ano, mas sempre se organizava de forma clandestina, pois não podia assinar Convenções e outros contratos do tipo. Para se ter uma idéia, algumas ações realizadas pela CUT, em nível nacional, quem teve que assinar tais ações foi a CONTAG (Confederação Nacional dos

Trabalhadores na Agricultura) por ser uma entidade legalizada. Em outras palavras foi uma vitória nossa, mas a CUT não pode se acomodar e, cada vez mais, buscar o fortalecimento de suas instâncias no movimento sindical e junto com classe trabalhadora. E não podemos esquecer, nem abrir mão da idéia do fim do imposto sindical.