Barrado pela PF em Curitiba, Boff afirma que Brasil é ‘uma nau perdida’

O escritor e teólogo Leonardo Boff, 79 anos, está em Curitiba junto com o ativista argentino Adolfo Pérez Esquivel, 87 anos, ganhador do Prêmio Nobel da Paz, tentando visitar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Impedidos de fazerem a visita, eles seguem em frente à unidade da Polícia Federal, de prontidão, aguardando uma autorização da Justiça. Como a juíza da 12ª Vara Federal de Curitiba, Carolina Lebbos, responsável pela custódia do ex-presidente, negou a visita, eles encaminharam uma petição ao Supremo Tribunal Federal (STF) e cópias do pedido de inspeção por meio de oficio para o Conselho Federal da OAB, a OAB- PR, a Presidenta do CNJ e do STF, ministra Cármen Lúcia.

“Lula está recluso. Recluso injustamente, pois não se trata de uma condenação judicial, se trata de uma condenação política, rejeitada pelos maiores juristas nacionais e internacionais”, afirmou o teólogo. Ele declarou que o golpe no Brasil é o mesmo ensaiado em Honduras e no Paraguai, “feito por parlamentos venais comprados com dólares americanos, assim como parte do Judiciário, do Ministério Público e da Polícia Federal”. “Foi esse conglomerado que deu o golpe para impedir que aqueles que estiveram sempre à margem subam degraus. Nossa democracia é de privilégios, não de direitos, comandada por uma elite do atraso reacionária, antipopular e antinacional”, lembrou.

Apesar da idade avançada e da dificuldade para se locomover, Boff, mesmo triste, não se deixou abater e permaneceu sentado, em frente à PF, na esperança de visitar o ex-presidente. “Eu que sou velho amigo de Lula vim em uma missão espiritual. Como uma lei divina pode ser negada por uma juíza terrena?”, provocou. Aos jornalistas que acompanham sua passagem em Curitiba, ele afirmou que o Brasil atual é uma nau sem rumo, e que Lula é o único que “brilha” aos olhos do povo com poder de reverter as “iniquidades” cometidas pelo governo Temer. 

“Brasil está como uma nau perdida, um avião sem piloto, voando não sabemos em que direção ou em que montanha vai bater. Não há líder nenhum que aglutine pessoas, não há luz no fim do túnel. Estamos realmente em uma situação que nunca ocorreu em nosso país. A única pessoa que brilha nas estatísticas e no agrado popular é Lula. O portador do poder é o povo, e o povo quer Lula como presidente para desmontar as iniquidades que o governo Temer fez contra os trabalhadores, aposentados, contra a Saúde, a Educação”, afirmou em entrevista à Rede Brasil Atual.

Leonardo Boff disse ainda que o golpe para retirar lideranças populares da política não vem sendo aplicado apenas no Brasil, e foi gestado externamente. Essas forças estrangeiras teriam se aliado aqui com o que o teólogo chama de “elite do atraso, os herdeiros da Casa Grande”. 

“Esses grupos milionários se aliaram com interesses estrangeiros e deram um golpe. Não mais com baionetas e tanques, mas um golpe de venalidade, comprando literalmente senadores e deputados, pervertendo a Justiça, partes do MP e da PF. Se criou uma coligação de forças que primeiro depôs Dilma, mas ela não era o objeto principal. O principal é Lula, e em segundo lugar é desmontar as políticas sociais que ele fez em função do povo e, se possível, liquidar a base popular do PT e fazer com que desapareça o partido”, detalhou. 

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[Com informações do Brasil 247 e da Rede Brasil Atual]