Dilma se solidariza com ‘milhões que lutam contra a reforma da Previdência’

 

A ex-presidenta Dilma Rousseff se solidarizou ontem (15) com os “milhões que foram às ruas contra a reforma da Previdência” durante sua fala em uma conferência sobre neoliberalismo e democracia, realizada em Lisboa. Antes de iniciar sua fala, Dilma alertou os espectadores que as mulheres serão as mais prejudicadas pelas mudanças propostas pelo presidente Michel Temer e foi aplaudida pelo público.

Com a reforma da Previdência, será preciso ter 65 anos de idade para se aposentar, tanto para homens quanto para mulheres, mais 25 anos de recolhimento. Porém, para receber 100% no benefício serão necessários, na prática, 49 anos de recolhimento. Hoje não há idade mínima para a aposentadoria por tempo de contribuição, mas são necessários 35 anos de recolhimento para homens e 30 para mulheres. Já para se aposentar por idade, hoje é necessário ter pelo menos 15 anos de recolhimento e 65 anos de idade para os homens e 60 para as mulheres.

“Estudos mostram que no Brasil, em média, uma pessoa ao longo da sua vida da trabalho passa sete anos desempregado ou em trabalhos precários, sem recolher”, afirmou Dilma. “Isso quer dizer que aos 49 anos deve-se acrescentar mais sete,  que dá um total de 56 anos – 65 menos 56 dá 9 anos, significa que é a idade que a pessoa teria que começar a trabalhar no Brasil, o que é um absurdo e um crime contra aquilo que pode significar uma transformação para o Brasil, que é garantir aos jovens e às crianças a única coisa necessária para que o país se transforme em uma nação desenvolvida: a educação.”

As vagas para a conferência de Dilma Rousseff, intitulada “Neoliberalismo, desigualdade, democracia sob ataque” esgotaram-se em 20 minutos. Como os 450 lugares do teatro Trindade, na capital portuguesa, não foram suficientes, a organização do evento instalou um telão no lobby do teatro com transmissão simultânea para que os demais interessados pudessem acompanhar sua fala, que durou cerca de uma hora. 

“As mulheres serão as mais prejudicadas. Se os homens enfrentam esse problema de sete anos de trabalho interrompidos, imaginem a mulher em um país onde a divisão sexual do trabalho ainda extremamente cruel com as mulheres. Então milhões de pessoas foram às ruas hoje se solidarizar com todos eles”, concluiu.

Edição: Rede Brasil Atual