Petrobrás “hiberna” plataformas e pode gerar desemprego

A paralisação das atividades de seis plataformas da Petrobrás seguida de seu envio para estaleiros no Rio de Janeiro pode resultar na demissão de centenas de profissionais terceirizados e na realocação dos petroleiros, causando séria crise econômica não somente na Bacia de Campos.

Essa é a previsão que a direção executiva do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense – Sindipetro-NF – faz após tomar conhecimento do anúncio feito pela Petrobrás sobre o programa de hibernação de suas unidades em funcionamento na região, que está lutando para a manutenção dos empregos dos terceirizados. As demissões estão praticamente confirmadas, já que a Perbrás – empresa fornecedora da mão de obra terceirizada – terá seu contrato encerrado neste mês de setembro.

Hibernação de uma plataforma é o processo de desativação das atividades produtivas e colocação da unidade em estaleiro, para evitar seu desgaste estrutural, com apenas a manutenção básica. A Petrobrás, através de resposta ao Sindipetro-NF, explica que a hibernação de plataformas (sondas) de perfuração, que resulta em custos menores com essas unidades, é consequência da diminuição da demanda por esse tipo de equipamento, em função da redução do nível de atividades.

Em nota, a estatal informa que “das quatro sondas flutuantes próprias da Petrobrás que operam na área, por enquanto está definida a parada imediata (hibernação) de apenas uma. As demais unidades ainda dependem de análise mais específica da demanda. Caso outras venham a ser postas em hibernação, os profissionais próprios e terceirizados que atuam nessas plataformas serão realocados conforme a demanda, respeitados os contratos vigentes”.

ERROS DA EMPRESA

Segundo o presidente do Sindipetro-NF, Marcos Breda, cada plataforma tem de 80 a 100 profissionais trabalhando. Desse total, 70% a 80% é terceirizado. A plataforma apesar de não produzir é utilizada na perfuração de poços. Duas delas, a P-59 e a P-60, estão sendo utilizadas como flotel. Todas irão para estaleiro. Ambas são utilizadas como dormitório e ponto de descanso para os trabalhadores que prestam serviço em outras unidades.

Marcos Breda considera um erro essa atitude da empresa, porque a ela irá desmontar as equipes e transferir pessoal para outras unidades. “Esse é um passo difícil de ser revertido. Caso queira voltar a ter plataformas próprias de perfuração, porque terá que convocar novamente esse pessoal que estará espalhado. O Sindipetro-NF considera a perfuração um serviço estratégico para qualquer empresa de petróleo, principalmente em um momento de crise, com preço alto do barril”.

Em julho, a entidade recebeu a informação que a Petrobrás pretendia parar as sondas próprias de perfuração de poços. A primeira delas foi a P-23, única que possui um sistema de posicionamento dinâmico e que já está na costa da Bacia de Campos, aguardando destino para o estaleiro. Breda lembra que a Petrobrás, em recente reunião com representantes da categoria, teria informado que iria parar uma unidade a cada seis meses, mas diante da antecipação da P-10, o sindicato não pode afirmar o prazo que essas unidades vão parar.

Além da questão da desativação dos serviços, o sindicalista lembra que a Petrobrás pretende lançar um novo contrato menor de serviço e disponibilizará para várias empresas e não apenas a uma, como é o caso do contrato com a Perbrás, realizado em 2013 e encerramento para setembro deste ano. “A Petrobrás alegou para o sindicato que parar as sondas contratadas sai muito mais caro diante do pagamento de multas. Por isso, a decisão de mandar para o estaleiro, onde é feita apenas sua manutenção”, lembra Breda, assim como o plano de negócios da empresa está focado no pré-sal e em produção de petróleo e gás. “Por isso que a carteira de atividades está sendo reduzida”.

Os petroleiros concursados da empresa serão mantidos na Unidade de Operação da Bacia de Campos (UO-BC), na Unidade de Operação Rio (UO-Rio) e no sistema de Construção de Poços Marítimos (CPM).

O diretor da FUP\Sindipetro Bahia, Leonardo Urpia, que está no Sindipetro-NF, conversou com Breda sobre toda essa situação e sobre o que ocorreu no Nordeste (alienação das sondas de perfuração de águas rasas). Este movimento, segundo Urpia, determina uma posição política da empresa em afastar-se da atividade de perfuração marítima. O que de fato vai ocorrer é que a Petrobrás irá disponibilizar estas unidades ao mercado e em seguida terá que “contratar serviços de perfuração”.

REPÚDIO SINDICAL

A direção do Sindipetro Bahia, assim como a do NF, entende ser prejudicial para a atividade da Petrobrás este posicionamento da atual gestão, que só tem observado o imediatismo financeiro, pois com esse procedimento perde-se em acúmulo de conhecimento do comportamento dos reservatórios, em know how de perfuração e conhecimento dos campos de petróleo, entre outros aspectos estratégicos para a indústria de petróleo.

Fonte: Sindipetro BA