CUT trava luta global por direitos no Fórum Social Mundial e em Gaza

Entre o final de março e o início de abril, a CUT leva ao Fórum Social Mundial (FSM), na Tunísia, e em visita à faixa de Gaza, o território Palestino, a defesa de uma luta global por democracia e direitos.

Com o tema “Direitos e Dignidade”, o FSM volta à Universidade El Mar, em Tunis, capital tunisiana, dois anos após respirar a primavera árabe. Os movimentos brasileiros, mais uma vez protagonistas do encontro que começou em Porto Alegre há 14 anos, promoverão debates na tenda Brasil sobre racismo, o futuro da política no pós-2015 e as democracias.

Antes mesmo da abertura do Fórum Social, no mesmo lugar, entre os dias 22 e 23 de março, acontece o Fórum Mundial de Mídia Livre para discutir a produção, reprodução e integração da comunicação como estratégia fundamental de luta pela demoracia.

Originalmente proposto por organizações como a CUT como resposta ao Fórum Econômico Mundial de Davos, o FSM redobra a importância de unificar os movimentos para lutar contra a onda de avanços de forças conservadoras, especialmente na América Latina.

Como ocorreu ao longo de sua história, a Central vai além da atuação sindical internacional e defende a unidade dos movimentos para além do mundo do trabalho, como a luta contra  o neoliberalismo os tratados de livre comércio e a organização global para enfrentar a globalização do capitalismo.

“Para a Central, o Fórum tem o papel fundamentla de construir ações conjuntas com movimentos sociais de todas as regiões, especialmente pela Assembleia Geral que promovemos e são marcos de várias ações que se reproduzem regionalmente. A ideia é gerar força para promover ações práticas como a missão em Gaza”, destaca o diretor executivo da CUT, Rogério Pantoja.

O encontro ocorre num momento de tensão na Tunísia. Nesta quinta-feira (18), um ataque ao complexo do Parlamento da Tunísia deixou 19 pessoas mortas. A atividade, porém, está mantida e ganha ainda mais importância como bandeira em defesa da paz.

“Nossa resposta deve vir na participação em massa do FSA para fortalecer nossa defesa da democracia, da tolerância e do diálogo entre os povos”, defende Pantoja.

Missão palestina

O ação humanitária em Gaza foi um dos encaminhamentos definidos pelo Conselho Internacional do Fórum, que encontra eco na política da CUT de solidariedade ao povo e reconhecimento do Estado Palestino

Na visita à Faixa de Gaza, território de 365 quilometros onde vivem 1,2 milhão de pessoas, a missão encontrará  uma prisão a céu aberto, conforme define a ativista e coordenadora de Relações Internacionais da Campanhas Palestina Contra o Muro, Maren Mantovani.  

Nesse cárcere, aponta, quem detém a chave da cela é Israel, que acaba de eleger o partido nacionalista Likud, liderado por Benjamin Netanyahu. Durante a campanha, o primeiro-ministro israelense afirmou que sob seu governo não haveria Estado Palestino.

“A missão do Brasil até Gaza tem o objetivo de romper o cerco de Israel, ao menos simbolicamente, e levar solidariedade diretamente ao povo palestino que está não só sofrendo, mas também resistindo à ocupação e ao genocídio israelense. Entender o nível para o qual Israel leva uma política militar de bombardeios, de terror psicológico e de reflexão e abusos administrativos. Depois dessa missão repercutir o que se viu e fazer com que essa missão se transforme em uma solidariedade ativa, com debates mais embasados”, explicou.

A própria luta de Maren é resultado de uma visita de solidariedade, como militante do movimento estudantil italiano à Gaza, no início dos anos 2000, quando conheceu não só a face da brutalidade israelense, mas também o racismo e a desumanização de um povo. Enquanto do outro lado da fronteira disse enxergar a solidariedade e a generosidade entre os palestinos.

Para ela, furar o bloqueio das informações que são filtradas e repassadas aos brasileiros é essencial para acabar com a ideia de que a questão palestina é meramente étnico-religiosa, de mulçumanos contra judeus, ou de povos que sempre brigam.

“O que temos na Palestina é uma luta pela terra, pelos direitos humanos. A questão não é se apoiam o povo palestino contra o israelense, mas se apoiam os direitos humanos ou não.“

Um grande avanço para esse debate ocorreu em 2012, quando Porto Alegre, a primeira sede do Fórum Social Mundial, recebeu o Fórum Social Palestina Livre e fortaleceu a consciência e a pauta do Estado Palestino entre os movimentos sociais.

“O Brasil é um ator central por ser uma das maiores economias do mundo e ter parcerias internacionais como o Mercosul, os Brics e potencial de incidência política também no Oriente. O país tem responsabilidade sobre o que faz e também sobre o que nãos e faz”, define.

Enquanto por um lado o governo Lula reconheceu o Estado Palestino em 2010, por outro é o quinto maior importador de armas de Israel.

“Não se pode apoiar, de um lado o opressor e do outro, o oprimido. As duas maiores empresas de armas tem subsidiárias construindo armas israelenses em território brasileiro e não há conteúdo da Marinha, Aeronáutica ou Exercito que não tenha cooperação israelense. Isso significa que um valor significativo dos impostos dos brasileiros vai para a indústria militar israelense, que constrói e testa armas nos massacres do povo palestino. E aí não é somente questão de indústria, também em nível de treinamento de brasileiros”, diz Maren.

Fonte: CUT