Terceirização tecnológica pode dificultar projetos no pré-sal

Agência Brasil

Na área de tecnologia da informação (TI), como na maior parte dos demais setores econômicos no Brasil, existe hoje carência de mão de obra. Isso se deve, segundo o presidente da Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação, Software e Internet regional Rio de Janeiro (Assespro-RJ), Ilan Goldman, ao “rápido crescimento do país nos últimos anos”.

Para ele, mesmo que o Brasil experimente agora uma diminuição no crescimento econômico, essa carência vai se manter, porque já estava ocorrendo. Goldman lembrou, entretanto, que o setor de TI não tem a percepção de que a falta de mão de obra possa ser uma barreira à exploração específica do petróleo na camada pré-sal. O problema no setor de TI para o pré-sal, disse ele, está no modelo com que as empresas contratam, de fato, a tecnologia nacional.

“O modelo hoje é de terceirização. E a terceirização envolve um retrabalho. Ou seja, cada vez que você faz um projeto, tem que aprender de novo sobre aquele assunto, implantar o projeto e colocar para funcionar”. O modelo defendido pela Assespro para o pré-sal e, por extensão, para todo o setor de petróleo e gás, é a retenção e a transferência do conhecimento.

Nesse modelo, as empresas vão se especializando em determinados assuntos ligados a óleo e gás. “Com isso, você começa a construir um legado e esse legado você pode repetir e ir melhorando ao longo do tempo, nas várias situações que vão se criando”. Com o conhecimento, o presidente da Assespro-RJ acredita que o Brasil conseguiria minimizar em grande parte o problema da escassez de mão de obra e trazer para dentro da TI nacional os projetos ligados à área de tecnologia em óleo e gás. “Essa é a nossa visão”.

O novo modelo evitaria que o conhecimento fosse exportado, deixando de ser retido no Brasil. “É exatamente o que acontece. Como nós não criamos legado, cada vez que a gente faz um projeto, a gente gasta o dinheiro, mas não sobra nada após o fim do projeto, exceto o próprio projeto. As empresas e as pessoas que participaram dele não dão continuidade, não detêm o conhecimento, não são as proprietárias, você não gera esse conhecimento, você não transforma isso em benefício para a sociedade. Se alguém pedir alguma coisa parecida, você vai fazer tudo de novo”.

Esse é o oposto do modelo adotado fora do Brasil. Ele citou, particularmente, o caso da Noruega, que era um país com as mesmas dificuldades do Brasil, mas que, quando encontrou petróleo no pré-sal, ”teve a percepção de valor e decidiu construir conhecimento da informação, mesmo que isso custasse um pouco mais no início. Mas, vou ganhar lá na frente. E foi o que aconteceu”. O Brasil, reiterou Goldman, não está repetindo esse modelo, apesar de já ser consagrado e conhecido.