“Não permitiremos que a classe trabalhadora pague o preço pelos ajustes que o governo tem feito”

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No dia 28 de janeiro, a CUT e demais centrais sindicais realizam a primeira manifestação unitária da classe trabalhadora em 2015, em um cenário marcado por ataques a direitos e demissões. Será o Dia Nacional de Luta em Defesa dos Empregos e dos Direitos acontecerá com mobilizações em todo o país, inclusive assembleias e paralisações. Já a Marcha da Classe Trabalhadora ocorrerá no dia 26 de fevereiro, em São Paulo, com concentração na Praça da Sé.

Para a CUT,  tão importante quanto retomar as lutas por mais direitos e geração de empregos,  é mostrar ao governo que os trabalhadores têm propostas para o país e, conforme discutido com a presidenta Dilma Rousseff nas últimas eleições, cobraram um canal de interlocução permanente para que não paguem o preço pelos ajustes na economia.

Em entrevista ao Portal dos Trabalhadores (complementada pela FUP, após uma coletiva realizada no dia 13/01), a vice-presidente da CUT, Carmen Foro (que ocupa interinamente a presidência da Central), destaca que o caminho para avançar no diálogo, como sempre, é a pressão. “O governo tende a fazer o ajuste na economia à custa dos trabalhadores e não vamos permitir nenhum direito a menos, como disse a presidenta Dilma no discurso de posse. Queremos que esse discurso agora se viabilize“, reiterou.

Quais são as principais questões que integram a pauta das centrais sindicais neste começo de ano?

Em primeiro lugar, uma preocupação da CUT e das centrais em relação à economia são os anúncios que têm sido feitos pelo governo. O pacote de medidas para redução fiscal, que afeta diretamente os trabalhadores, em especial, os mais pobres e, no caso da alteração no seguro-desemprego (parte da Medida Provisória 664 anunciada por Dilma), afeta os mais jovens. Mas há preocupação para além desses pontos: para saber como será a economia no próximo período, as situações de desemprego, começando pelas demissões no ABC paulista, a questão da abertura de capital da Caixa Econômica Federal e a política de juros. O governo tende a fazer o ajuste na economia à custa dos trabalhadores e não vamos permitir nenhum direito a menos, como disse a presidenta Dilma no discurso de posse. Queremos que esse discurso agora se viabilize. Não permitiremos que a classe trabalhadora pague o preço pelos ajustes que o governo tem feito e por isso estamos chamando as centrais sindicais para um diálogo maior e juntas pensarmos como será a ação do movimento sindical para o próximo período.  

Já há alguma ação programada para os próximos meses?

O Dia Nacional de Luta em Defesa dos Empregos e dos Direitos será a primeira das manifestações e acontecerá no dia 28 de janeiro, em todo o país, com assembleias e paralisações. Já a Marcha da Classe Trabalhadora ocorrerá no dia 26 de fevereiro, em São Paulo, com concentração na Praça da Sé.  Não basta uma mobilização de caráter nacional em Brasília ou São Paulo, é preciso que façamos mobilizações também nos estados, especialmente nos que mudaram de governo para colocar nossa plataforma em debate, aquela que apontamos, inclusive, durante as últimas eleições.

Sobre o que foi anunciado até agora pelo governo federal, como a CUT se posiciona?

Temos uma crítica profunda ao governo sobre o método equivocado de apenas nos comunicar sobre as decisões. O compromisso construído com a presidenta é que em todo o processo construído, sobre qualquer tema que tratasse da pauta dos trabalhadores, primeiro haveria um diálogo conosco. Porém, no dia 29 de dezembro, fomos chamados para sermos apenas informados a respeito de medidas que o governo tomou e que retiram direitos e que dificultam a possibilidade de acesso a direitos. Do ponto de vista de conteúdo, essas ações vêm mascaradas de adequação de ajustes, mas trazem redução das nossas conquistas

As centrais se manifestarão também sobre a crise na indústrias e as demissões que ocorrem no Grande ABC?

A greve dos metalúrgicos do ABC não é isolada e não podemos fugir desse assunto. Há demissões em todos os outros lugares, setores e categorias. Estamos fazendo um levantamento mais preciso para verificar quais categorias estão sendo afetadas nesse primeiro momento de 2015 para podermos continuar o processo de mobilização.

Um dos problemas na demissão dos metalúrgicos é que havia um acordo coletivo que garantia a manutenção dos empregos até 2016. Como a CUT avalia esse desrespeito das montadoras?

 É preciso criar mecanismos técnicos e políticos que façam com que empresas beneficiados por incentivos do governo, como redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) assumam o compromisso de não demitir e garantir empregos. Precisamos avançar sobre essa perspectiva de acumular sobre esse tema num diálogo com o governo para que tenhamos contrapartida. Não dá para ter investimento e não termos o compromisso de manter os empregos.