Em manifesto, trabalhadores da UO-ES reivindicam permanência de gerência capixaba

No último dia 19 de outubro, trabalhadores do setor de exploração da UO-ES fizeram um apelo ao Conselho de Administração da Petrobrás, em especial para a representante da categoria, Betânia Rodrigues Coutinho. Em manifesto, eles reivindicam a permanência da gerência capixaba nas atividades de exploração, que com a reestruturação das bases, passaria para Macaé.

 No texto, os trabalhadores reiteram a importância histórica da categoria no Espírito Santo. “Foi aqui, em 1968, que o primeiro poço marítimo da Petrobras foi perfurado. Perpassamos e entendemos a camada de sal como selo de potenciais reservatórios mesmo quando o pré-sal era uma realidade distante das mega-acumulações que hoje conhecemos. Não por acaso, foi aqui também, em 2008, no Campo de Jubarte, que se iniciou a produção de petróleo no pré-sal”.

Eles reivindicam respeito após tantos anos de serviços prestados e crescimento do setor ao longo da história. “Hoje, o único sentimento comum presente nas equipes é que estamos fadados ao descaso e ao desprestígio, submetidos a uma nova estrutura com enormes perdas de eficiência. Contudo, nossa grandeza não nos permite sermos menores”.

 Por fim, eles fazem um apelo para a representante dos trabalhadores no CA da Petrobrás: “[…] reconsidere a proposta apreciada pela Diretoria Executiva, reposicionando a Gerência de Exploração do Espírito Santo ao escalão de representatividade organizacional condizente com os Ativos que será responsável por gerir. Como capixaba e orgulhosa de seu berço […], esperamos uma posição condizente com suas raízes e com nossa reivindicação”.

 O Sindipetro-ES é contra o desmonte do setor de Exploração e entende que a manutenção da estrutura deste importante setor é essencial para o fortalecimento e segurança do futuro da empresa por se tratar de uma área estratégica.

 Confira o manifesto na íntegra:

 Manifesto Exploracionista Capixaba

 Caríssimos representantes do Conselho de Administração da Petrobras, em especial Betânia Rodrigues Coutinho, representante dos funcionários neste conselho,

 Permita-nos nos apresentar: somos a equipe técnica da Gerência de Exploração do Espírito Santo (UO-ES/EXP).

 Há pouco nosso estado completou 60 anos da presença da Petrobras em sua história. Desde 1957, com a chegada das primeiras equipes exploratórias, atuamos nos mais diversos cenários, tanto em terra quanto em mar, para realizar descobertas importantes para o cenário local e nacional.

 Foi aqui, em 1968, que o primeiro poço marítimo da Petrobras foi perfurado. Perpassamos e entendemos a camada de sal como selo de potenciais reservatórios mesmo quando o pré-sal era uma realidade distante das mega-acumulações que hoje conhecemos. Não por acaso, foi aqui também, em 2008, no Campo de Jubarte, que se iniciou a produção de petróleo no pré-sal, abrindo as cortinas para um espetáculo nunca antes visto no mundo.

Nossa produção terrestre mantém-se estável mesmo com a maturidade dos campos e a sua expectativa de declínio. Descobrimos novas áreas, entendemos e descrevemos novos modelos geológicos capazes de encontrar petróleo onde os mais pessimistas jamais seriam capazes de ousar.

Avançamos mar adentro, das águas rasas às profundas, com uma coragem que nunca se abateu. Consequentemente, nossos esforços sempre foram recompensados com sucessivos recordes de produção. Tanto que, em 2016, atingimos 317,8 mil barris de petróleo por dia e hoje somos responsáveis por cerca de 20% da produção nacional da Petrobras.

Nossas equipes são compostas por pessoas de reconhecida excelência técnica no âmago da Petrobras. Sediamos eventos internos de repercussão nacional sobre geofísica, interpretação geológica, sedimentologia e estratigrafia. Possuímos um ambiente invejável de trabalho, adaptado às nossas necessidades e pronto para desempenhar atividades de notoriedade na indústria do petróleo. Conhecemos profundamente as Bacias do Espírito Santo e de Campos, como também seus análogos, e sabemos de suas enormes possibilidades exploratórias para os fins da Petrobras.

Tamanha vocação e pioneirismo, no entanto, não têm recebido o devido valor na reestruturação em curso. Nossa Gerência de Exploração (UO-ES/EXP) perderá sua expressividade e será condenada a segundo plano, com coordenações funcionais atreladas às gerências setoriais em Macaé. Somado a isso, os campos terrestres capixabas sairão de nossa jurisdição, relegando nossa expertise e conhecimento acumulados por anos a fio. A despeito das razões corporativas, a diversidade de ambientes sempre foi um ponto forte na gestão e na implementação de soluções, fazendo do setor terrestre um laboratório de ideias para os problemas encontrados no mar. Vice-versa.

Nunca, em 60 anos de história, fomos tão preteridos no processo decisório das inúmeras reestruturações que nos antecederam. Hoje, o único sentimento comum presente nas equipes é que estamos fadados ao descaso e ao desprestígio, submetidos a uma nova estrutura com enormes perdas de eficiência. Contudo, nossa grandeza não nos permite sermos menores.

Portanto, reiteramos nosso desejo de permanecer uma gerência forte e coesa, em patamar de equivalência com nossa importância para a Produção, fortemente comprometida com os objetivos da Petrobras no Espírito Santo e no Brasil. Nessa nova estrutura que possui graves lapsos, fato visto com o esquecimento da Gerência de Geodésia, acreditamos que alguns pontos possam ser incluídos ou revistos. Sabemos que esses julgamentos são passíveis de mudança quando embalados por uma boa vontade, a exemplo da criação da Diretoria de Estratégia, mesmo após consolidada a redução do número de diretores.

 Por fim, fazemos um apelo especial à representante dos empregados no Conselho de Administração que reconsidere a proposta apreciada pela Diretoria Executiva, reposicionando a Gerência de Exploração do Espírito Santo ao escalão de representatividade organizacional condizente com os Ativos que será responsável por gerir. Como capixaba e orgulhosa de seu berço, conforme proferido na última palestra em que aqui esteve, esperamos uma posição condizente com suas raízes e com nossa reivindicação.

 Vitória, 19 de outubro de 2017

Corpo Técnico Exploracionista do Espírito Santo

Fonte: Sindipetro-ES