Coordenador eleito fala sobre cenário atual e expectativas para nova gestão

Em entrevista à Rádio NF nesta manhã, o coordenador geral eleito do Sindipetro-NF, Tezeu Bezerra, falou sobre a prioridade da nova gestão, que é manter o enfrentamento ao corte de direitos dos trabalhadores e o desmonte da Petrobrás.

Antes de seguir para Brasília, onde se juntará a milhares de outros sindicalistas e militantes dos movimentos sociais nos protestos pela saída de Michel Temer da Presidência da República, Tezeu conversou com o locutor Álvaro Marcos.

Ele destacou a renovação da diretoria, que reflete a renovação da própria categoria petroleira, e os desafios para petroleiros da Petrobrás, do setor privado e aposentados e pensionistas.

Confira a entrevista:

Rádio NF – Quais são os novos projetos para o sindicato?

Tezeu Bezerra – Primeiro quero agradecer a todos que participaram do pleito eleitoral, sem dúvida é um momento que marca a democracia, o reconhecimento do trabalho da diretoria atual, que manteve alguns diretores, estão vindo alguns diretores novos aí para dar uma renovada, é importante essa renovação. Agradecer também à Chapa 2, que participou do processo. Naturalmente sempre tem um problema ou outro, coisas normais de qualquer eleição. Nossa eleição é muito grande, de magnitude maior que a de muitos municípios do Brasil em número de eleitores, são 11 mil eleitores. Uma eleição muito grande, muito extensa, muito cansativa, com 21 dias de eleição, mas isso tudo para garantir o processo mais democrático e transparente possível, para o máximo de pessoas votarem. Sem dúvida os desafios são enormes. A gente está em um cenário totalmente adverso. O canalha-mor, Michel Temer, está lá, disse que não ia sair sem que o derrubassem, falou isso em uma entrevista ontem, no jornal Folha de São Paulo, e deixou a entender que iria continuar com os projetos que estão colocados para destruir a nossa previdência, para destruir a nossa CLT, sem dúvida destruir a nossa Petrobrás, então o principal objetivo nosso é fazer com que todos os trabalhadores estejam conscientes do momento que nós estamos passando para que possamos fazer juntos esse combate a toda destruição que está colocada para a classe trabalhadora. Quando a gente falava que o golpe era contra o trabalhador, está a cada dia mais claro, é contra o trabalhador e o patrimônio nacional. É isso que a gente pode prometer aos trabalhadores, que aqui no Norte Fluminense, sem dúvida, temos repetido isso, somos referência, ponta de lança, nessa luta em defesa da Petrobrás e dos direitos dos trabalhadores.

Rádio NF – Você falou no início da entrevista que há uma certa renovação entre a diretoria que vai sair e a que vai entrar, que é capitaneada por você, qual expectativa você tem em relação a essa troca? É oxigenar mais? Dar mais voz a esses trabalhadores que estão chegando na Petrobrás?

Tezeu Bezerra – Com certeza, a própria indicação minha, apesar de já estar há 11 anos na Petrobrás, passei no concurso muito cedo, com 18 anos, sem dúvida sempre estive nessa caminhada, desde quando entrei na Luminor, em defesa do que é certo, do que é justo, injustiças acontecem a todo momento contra os trabalhadores, e a minha geração, de uma certa forma, não foi fácil. A gente fez a greve de 2015 que mostrou que a minha geração não está para brincadeira, tem consciência, tem muita capacidade de estar mobilizando, de estar fazendo a greve. Esse momento que a gente vive teve uma saída muito grande trabalhadores, 20 mil trabalhadores no sistema Petrobrás saíram, eram pessoas, mais de 90%, da década de 80, que se aposentaram. Naturalmente, também neste período, houve aposentadorias também na diretoria do sindicato. Claro, todo mundo, uma certa hora, quer dar uma descansada, e diretores que acharam que deram a sua parcela de contribuição estão saindo para deixar essa galera nova que está chegando, companheiros que, assim, tenho muita esperança de que eles vão fazer um trabalho tão bom quanto os que estão deixando a diretoria, com muito comprometimento, muita seriedade nessa luta.

Rádio NF – Quais são os principais projetos para os terceirizados e aposentados e pensionistas?

Tezeu Bezerra – A gente tem um desafio muito grande, já colocado no curto prazo, que é o déficit da Petros. E olha que o Joesley, da JBS, delatou dois ex-presidentes da Petros. O nosso conselheiro eleito, o Paulo César Martin, já se mostrou, muito firmemente na defesa do nosso patrimônio, pediu esclarecimentos, que a Petros afastasse todas as pessoas que estão envolvidas, abrisse internamente um trabalho de esclarecimento e divulgação de dados. Vai desde o patrimônio das pessoas que foram citadas até, de fato, uma investigação mais profunda para saber o que teve de corrupção, o que prejudicou o nosso patrimônio. Esse momento vai ser para fazer esse embate de forma muito certa, por que, para variar, querem colocar a conta para o aposentado e a pensionista pagarem. É injusto. Quem se beneficiou nesse processo vai ter que pagar para a gente não ficar com o ônus desse problema todo. Então, para a Petros, tem esse desafio já lançado de forma muito acentuada. E em relação aos nossos petroleiros companheiros do setor privado, o momento é de mais desafio ainda. A Petrobrás, que é a empresa mãe, que sustenta essas empresas, sem a Petrobrás quase todas essas terceirizadas fecham, a nossa defesa maior é em relação à Petrobrás porque ela faz que todas as outras sobrevivam. Ao mesmo tempo a gente sabe que, especialmente nesse momento de reforma trabalhista que está aí, os companheiros terceirizados ficam muito mais expostos. Então, sem dúvida, é desafiador esse momento também para o setor privado. Tem dois companheiros novos que estão chegando para o setor privado, Jancileide e o Eider, que certamente vão contribuir muito fortemente, junto com o Bahia e o Leo. A gente vai fazer esse embate, sem dúvida, em defesa dos trabalhadores do setor privado.

Rádio NF – Obrigado, Tezeu, e parabéns pela vitória.

Tezeu Bezerra – Obrigado a todos. Parabéns à democracia e à classe petroleira do Norte Fluminense, que participou e demonstrou que está entendendo o momento, que é de golpe, e essa foi a nossa defesa porque não há democracia sem luta.

Fonte: Sindipetro-NF