30 anos da greve de 83 – nossa homenagem aos petroleiros guerreiros que enfrentaram sozinhos o regime militar

 

Sindipetro-BA

Neste mês de julho o movimento sindical brasileiro e baiano, em especial os petroleiros, comemoram 30 anos de um importante movimento paredista, que ficou conhecido como a Greve de 1983.

Em plena ditadura militar, centenas de petroleiros cruzaram os braços para lutar contra o arrocho salarial, a manipulação do INPC, o Decreto-Lei 2.036  e contra o acordo com o FMI.

Apesar de toda a repressão policial, os petroleiros da REPLAN e da RLAM decidiram paralisar as atividades. O resultado foi a intervenção do governo no Sindicato dos Petroleiros da Bahia e demissões de centenas de trabalhadores. Em Paulínia, foram demitidos 153, em Mataripe, 205.

A Greve dos Petroleiros, em 1983, tem uma grande importância histórica e contribuiu de forma decisiva para a realização da primeira greve geral durante a ditadura militar, com enfrentamento da famigerada Lei de Segurança Nacional.

Neste mesmo ano, em 28 de agosto, nascia a Central Única dos Trabalhadores, a  CUT, e com ela o  chamado “novo sindicalismo”, a partir da retomada do processo de uma maior mobilização da classe trabalhadora.  

30 anos depois, todos os petroleiros que foram perseguidos e perderam seus empregos no confronto político com os militares foram anistiados. Na Bahia, 150 obtiveram a anistia com reparação, mas outros 55 ainda lutam e aguardam decisão para que seja feita a justiça de forma completa, com a obtenção também da reparação.   

Para marcar data tão significativa aos trabalhadores, a direção do Sindipetro Bahia faz entrevistas com dirigentes demitidos e anistiados; no dia 11 de julho, quando se realiza no país o Dia Nacional de Luta, com mobilizações, paralisações e greves, os petroleiros estarão novamente na trincheira em defesa dos direitos dos trabalhadores.

1983\2013 – Lembrança aos jovens de hoje

Os jovens de hoje pouco se lembram da história, mas é bom reviver um pouco. A reação dos trabalhadores da Petrobrás se deu por conta do decreto lei nº 2.025, de maio de 1983, assinado pelo então presidente-general João Batista Figueiredo.

O famigerado ato cortava de uma só vez todos os benefícios dos trabalhadores das estatais, como o abono de férias, promoções, auxílios alimentação e transporte, adicional anual, participação nos lucros, contra o entreguismo governamental e o acordo com o FMI, entre outros. Anunciava ainda um corte de 10% no efetivo. O protesto foi geral e incendiou os dirigentes sindicais, os trabalhadores, as entidades.

Sob pressão, o governo recuou e editou novo decreto, cortando direitos somente dos novos contratados, insistindo nas demissões. Sem diálogo, os petroleiros não tiveram alternativas e marcaram paralisação nacional para o dia 7 de julho. Quatro dias antes, os metalúrgicos de São Bernardo, entre eles Lula, ao saberem da mobilização, resolveram apoiar o movimento e aderiram à greve.

A ditadura mostrou as garras e botou a polícia para reprimir e bater nos trabalhadores; tentou acabar a greve usando a violência, mas sem êxito, decretou a intervenção nos sindicatos. Apesar da repressão, na Bahia a greve parou todas as 25 unidades de produção da RLAM, inclusive, a Casa de Força.

O movimento deixou um saldo de 153 demitidos na Replan\SP  e 205 na RLAM. A batalha pela reintegração dos demitidos foi dura e longa, somente concluída em 1990.

A greve dos petroleiros em 7\7\1983 foi o passo que faltava para a construção da CUT, concretizada um mês depois. Os trabalhadores enfrentaram o regime militar e deram “cara” ao novo sindicalismo brasileiro.