Bacia de Campos: Sindipetro NF condena desmonte que levou à venda de Cherne e cobra novos investimentos

Foto: Luciana Fonseca

Em reunião com a Gerência Geral da Bacia de Campos, o sindicato criticou a política de afretamentos de plataformas e navios petroleiros e defendeu que novos investimentos compensem as perdas dos últimos anos

[Da imprensa do Sindipetro NF]

Diretores do Sindipetro-NF, entre eles o coordenador geral da entidade, Tezeu Bezerra, se reuniram ontem (quinta, 18) com o gerente executivo da Petrobrás, Paulo Marinho, e com o gerente geral da Bacia de Campos, Alex Murteira, para tratar dos impactos da venda das plataformas Cherne 1 e Cherne 2. O sindicato denuncia o desmonte das unidades, hibernadas em 2020 durante o governo Bolsonaro, e defende novos investimentos da Petrobrás no Norte Fluminense.

“Foi anunciado ontem para o mercado que as plataformas de Cherne 1 e Cherne 2 estão sendo privatizadas para a Perenco. E a gente teve uma reunião importante com o gerente executivo e com o gerente geral da Bacia de Campos, onde foi mostrado o fruto do desmonte da gestão Bolsonaro, onde se precarizou e se sucateou aquela plataforma a tal ponto que hoje já não vale mais a pena retomar a produção dela”, afirma Tezeu, em vídeo publicado em rede social.

O sindicalista informa que seria necessário US$ 1,5 bilhão para fazer a plataforma voltar a produzir nos padrões da Petrobrás, isso resultaria em resultado negativo de US$ 2,5 bilhões nos próximos anos para a empresa.

“Nessa perspectiva, a Petrobrás negociou com a Perenco e a unidade vai ser vendida. Eles vão retomar a produção de uma outra forma. E à gente coube cobrar respeito aos trabalhadores, que todos eles sejam realocados com o mesmo regime de trabalho, seja na Bacia de Campos ou em outro lugar”, afirma o sindicalista.

Na reunião, o sindicato também defendeu que novos investimentos compensem estas perdas dos últimos anos e promovam a revitalização da Bacia de Campos, criticando a política de afretamentos.

“Colocamos a necessidade de investimentos. A gente tem aqui hoje uma realidade de afretamento que precariza a relação de trabalho, deixa mais caro para a Petrobrás, e que nós combatemos. Cobramos novos investimentos. A gente quer que os projetos que têm, por exemplo, de Forno, de Marlim Sul, de Marlim Leste, a própria Barracuda/Cartinga, todos eles sejam com plataformas próprias”, informa Tezeu.

“Sabemos que tem a franja do pré-sal na Bacia de Campos, que também traz toda uma sobrevida e uma revitalização da nossa Bacia de Campos com a produção um pouco maior”, adiciona o sindicalista.

Além dos investimentos na exploração offshore, o Sindipetro-NF defende investimentos em outras áreas da produção de energia e de insumos na região, como a construção de uma planta de PGN (Processamento de Gás Natural), uma fábrica de fertilizantes e mais investimentos em biogás e biocombustíveis.

“É uma notícia triste para Petrobrás e para o país a venda de quaisquer plataformas. Fruto de um alinhamento errado no passado recente de sucateamento do parque industrial nacional onde, sabidamente, o objetivo era diminuir o tamanho da Petrobrás no cenário da Bacia de Campos. Nossa luta nesse momento é de união e reconstrução na direção de trazer novamente a grandiosidade da Bacia de Campos na produção de petróleo do país”, afirma o diretor do Sindipetro-NF, Johnny Souza, que também participou da reunião.

O sindicato orienta a todos os trabalhadores e trabalhadoras das unidades vendidas que informem à entidade sobre as condições de realocação. A entidade vai fiscalizar de perto os impactos das mudanças e atuar em casos de denúncias.

Além de Tezeu Bezerra e Johnny Souza, participaram da reunião com as gerências os diretores Alexandre Vieira, Hilton Gomes e André Coutinho.

Anúncio da Petrobrás

O anúncio de venda das plataformas foi feito pela Petrobrás em comunicado do último dia 17. A empresa informou que a diretoria aprovou “a cessão da totalidade de sua participação nos campos de Cherne e Bagre, localizados em águas rasas na Bacia de Campos, para a Perenco Petróleo e Gás do Brasil Ltda (Perenco). A produção dos dois campos foi interrompida em março de 2020 e as respectivas plataformas estão hibernadas desde então”.

A companhia informa ainda que o valor a ser recebido com a operação é de US$ 10 milhões, sendo US$ 1 milhão pagos na data de assinatura do contrato para a cessão dos ativos e o restante no fechamento da transação.

“A transferência desses campos para a Perenco traz a perspectiva de retomada da produção pelo novo operador, configurando alternativa mais vantajosa para a Petrobras em comparação à opção de descomissionamento das instalações e devolução das concessões à ANP. Ao mesmo tempo, essa transação possibilita que a Petrobras direcione seus investimentos no segmento de E&P para ativos mais aderentes à estratégia da companhia, que envolve, entre outros fatores, a descarbonização crescente das operações”, afirma a empresa.

A companhia garantiu que “não haverá prejuízo ou transferência de qualquer empregado da Petrobras em decorrência da cessão dos ativos, uma vez que a maior parte dos trabalhadores que atuavam na operação já foi realocada para outras atividades da companhia. O efetivo mínimo mantido para manutenção dos ativos hibernados integrará outras operações após a conclusão da transferência dos campos”.