A mulher e o mercado de trabalho

 

Por Mirta Rosa Chieppe

O homem, como um ser social, mudou ao longo dos séculos, e a sociedade também, seguindo assim os padrões de desenvolvimento, que envolvem a produção, os valores éticos e morais e as normas sociais.

No final dos anos 1970, o movimento sindical começou a assumir a luta pelos direitos da mulher, através dos movimentos feministas, quando surgiu na década de 1980 a Comissão Nacional da Mulher Trabalhadora, na CUT, e mais tarde com a Constituição Federal de 1988, a mulher conquistou a igualdade jurídica.

Por muitos anos para o desmerecimento do trabalho da mulher, as indústrias contratavam mulheres com média salarial inferior à dos homens, embora desenvolvendo as mesmas funções.

Com os movimentos sociais femininos crescendo, as mulheres se organizaram, pressionando para que o Estado Democrático regulamentasse as relações de trabalho, de maneira que as mulheres pudessem ter ao menos os mesmos direitos que dos homens.

A princípio a sociedade desprezava as mulheres que tinham essa vontade de sair, conhecer novos ares, trabalhar, discutir política, e após muitas lutas conseguiam obter algumas conquistas, e começaram a ocuparem cargos de professoras, enfermeiras, secretárias, etc. Nos anos de 1914-1918 e 1939-1945, os homens foram lutar nas guerras, e por falta desta mão-de-obra masculina, as mulheres puderam ocupar mais espaços.

No Movimento Sindical, hoje se tem cotas de participação das mulheres em vários seguimentos. A CUT, CGT e Força Sindical, após calorosos debates, já tem estipulado cotas de composição em suas estruturas. A Força Sindical e CGT criaram a Secretaria da Mulheres em abril de 1986.  Desde 1993, após a discussão no CONCUT, em 1986, sobre a Comissão Nacional sobre a Questão da Mulher Trabalhadora, que a CUT criou a Secretaria das Mulheres, e hoje a participação de gênero em Eventos é obrigatória com cotas de 50%, que se não são ocupadas por mulher, fica vaga, não sendo jamais substituída por um homem.

A luta ainda é grande, porém não é em vão, tendo em vista que mesmo quando não estabelece estatutariamente, as Entidades já incorporaram em suas direções sindicais a presença de mulheres, porque somente assim os direitos femininos garantidos não terão retrocessos.

Na CUT as mulheres ocupam os cargos de Secretaria da Mulher, Relações de Trabalho, Comunicação, Racial e Meio Ambiente. Na CTB as mulheres estão à frente das Secretarias de Mulheres, Formação e Cultura, Igualdade Racial, Meio Ambiente, Previdência e Aposentadoria e Serviços Públicos.

Aspecto importante que merece destaque é a presença da Secretaria da Mulher em todas as estruturas de direção, o que revela o compromisso das direções com o tema de gênero.

Importante ressaltar que o SINDIPETRO-ES criou recentemente, em reunião de Diretoria Colegiada do dia 27/01/2016, a Secretaria de Assuntos Políticos para as Mulheres, embora tenha somente uma mulher na Direção, a Diretoria já se preocupa com a ocupação de espaço tão importante na política sindical, tendo em vista que hoje as mulheres representam 17% da força de trabalho no sistema PETROBRAS.

A origem do DIA INTERNACIONAL DA MULHER, tem duas versões, que se juntam em uma só, sendo que a primeira foi em 08 de março de 1857, quando as operárias de uma fábrica em Nova Iorque se rebelaram contra as condições de trabalho, e como os donos da fábrica tinham o costume de fechar as portas para ninguém sair, houve um incêndio, num curto circuito elétrico, e as 130 operárias morreram.

Numa segunda versão, em 1910, no ll Congresso Internacional de Mulheres Socialistas, em Copenhague, foi sugerido por um membro do Partido Comunista Alemão, Clara Zetkin, a idéia da criação do Dia Internacional da Mulher, o que tomou força e forma em 1917, na Russia pelos movimentos feministas.

Neste mesmo ano de 1917, no dia 08 de março, as mulheres operárias russas da tecelagem entraram em greve, apoiadas pelos operários da metalurgia. Por esse motivo a data tornou-se um marco na história, porque se deu inicio a Revolução de Bolchevique.

Assim, dado às coincidências dessa greve ter ocorrido em 08 de março com a tragédia do incêndio na fábrica em Nova Iorque, contribuíram para definir o dia 8 de março como a data ideal para o Dia Internacional das Mulheres. Nos anos 60 a ONU oficializou essa data como o Dia Internacional da Mulher.

O indicativo de que as mulheres estão ocupando seu espaço no mercado de trabalho, o que já é uma transformação social na força de trabalho brasileira ao longo de anos e anos de luta. Lutas essas que envolvem preconceito, assédios dos mais diversos possíveis, barreiras que serão quebradas a cada conquista. Para que essas conquistas sejam exequíveis, necessário se faz que o Estado participe com políticas públicas, promovendo acesso a creches, educação infantil, facilitando assim a inserção da mulher no mercado de trabalho.

Mirta Rosa Chieppe éTécnica de Contabilidade Sênior na Petrobras, há 29 anos, Contadora e Advogada, Vice Coordenadora Geral e Diretora da Secretaria de Políticas para Mulheres do SINDIPETRO-ES.